Milhares de argentinos protestaram em Buenos Aires e em outros pontos do país, nesta quarta-feira 24, para rechaçar as medidas econômicas anunciadas pelo presidente Javier Milei, que está no cargo em dezembro de 2023. As mobilizações fizeram parte de uma greve geral de 12 horas organizada por sindicatos.
Foi a primeira paralisação nacional contra o atual governo da Argentina. Convocados pela Confederação Geral do Trabalho, a CGT, os manifestantes se reuniram em frente ao Congresso do país com duas pautas:
- contra o Decreto de Necessidade e de Urgência, o DNU, megadecreto de Milei com 336 artigos que desregulam leis trabalhistas; e
- contra a Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, a Lei Omnibus, um projeto de lei com 664 artigos vinculados a questões econômicas, fiscais, eleitorais, administrativas, ambientais e sociais – esse último quesito inclui a criminalização dos protestos.
Segundo a imprensa local, os protestos tiveram início ao meio-dia desta quarta. Os serviços de ônibus, trens e metrôs paralisaram às 19 horas, com retorno marcado para a meia-noite. A empresa aérea estatal Aerolíneas anunciou o cancelamento de dezenas de voos.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram manifestantes que erguem faixas com dizeres como “a Pátria não se vende” e “Pátria sim, colônia não”, em municípios como Bahía Blanca, Bariloche, Comodoro Rivadavia, Córdoba, Corrientes, La Rioja, Mar del Plata, Rosario, Ushuaia e Santa Fé.
O próprio governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, foi às ruas para protestar contra Milei. O kirchnerista, que faz oposição ao atual governo, postou fotos em seu perfil na rede social X com a legenda:
“Não vamos aceitar nenhum tipo de pressão para acompanhar medidas que prejudiquem o conjunto. Vamos seguir acompanhando os mais prejudicados, tratando de compensar o dano que estão sofrendo”.
Para que os projetos de Milei tenham validade permanente, o Congresso precisa aprová-los por votação. Nesta quarta, os parlamentares iniciaram a análise da Lei Omnibus, mas, segundo o jornal Clarín, o governo decidiu articular uma nova sessão sobre o tema para a próxima terça-feira.
O governo reagiu aos protestos com descrédito. Em sua rede social, a ministra da Segurança, Patrícia Bullrich, contabilizou 40 mil manifestantes e exibiu imagens com comércios abertos no bairro de Flores, na capital.
“Fracasso total”, escreveu a ministra, em postagem compartilhada por Milei.
À agência AFP, a CGT disse ter contabilizado 500 mil manifestantes em Buenos Aires e 1,5 milhão em todo o país. Já a polícia, segundo o veículo, disse ter observado 80 mil participantes do protesto na capital.
Em menor escala, sites jornalísticos reportaram manifestações em cidades no exterior, como Madri (Espanha), Montevidéu (Uruguai), Londres (Reino Unido), Berlim (Alemanha) e Paris (França).
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