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Mike Pence desiste de corrida presidencial republicana

Em uma reviravolta surpreendente, ex-vice de Trump disse não ser a sua hora

O ex-vice-presidente dos EUA Mike Pence. Foto: AFP
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O ex-vice-presidente Mike Pence anunciou, neste sábado 28, a desistência de sua pré-candidatura à Presidência dos Estados Unidos em 2004, durante sua participação em uma reunião anual da Coalizão Judaica Republicana, celebrada em Las Vegas.

“Venho dizer-lhes que ficou claro que não é a minha hora”, disse Pence em uma reviravolta surpreendente, durante seu discurso no encontro anual da Coalizão Judaica Republicana (RJC, na sigla em inglês), que reúne influentes doadores do partido.

“Decidi suspender minha campanha para presidente”, acrescentou. “Digo ao povo americano que não é a minha hora, mas continua sendo o momento de vocês”, prosseguiu Pence, aplaudido de pé pelos presentes.

“Estou deixando esta campanha, mas prometo-lhes que nunca vou deixar de lutar pelos valores conservadores”, destacou. “Sempre soubemos que seria uma batalha difícil, mas não me arrependo”.

A pré-candidata republicana Nikki Haley, que se dirigiu à plateia pouco depois, abriu seu discurso com palavras elogiosas a Pence.

“É um homem de bem, que lutou pelos Estados Unidos e por Israel, e temos uma dívida com ele”, disse Haley, ex-embaixadora de Washington nas Nações Unidas.

Nem o ex-presidente Donald Trump, de quem foi vice, nem o governador da Flórida, Ron DeSantis, que discursaram depois dele, fizeram menção ao anúncio inesperado.

Pence não declarou apoio a nenhum dos pré-candidatos à indicação republicana na disputa pela Casa Branca.

O ex-vice de Trump tem apenas 3,8% das intenções de voto em seu partido, segundo o portal fivethirtyeight.com, dedicou a maior parte de seu discurso à Coalizão Judaica Republicana a expressar seu apoio a Israel em sua guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.

“Devemos estar firmes com Israel”, disse Pence anteriormente.

“Todos os que estamos com Israel sabemos que Israel não tem outra opção que esmagar o Hamas”, acrescentou. “Sendo assim, os Estados Unidos têm que estar com Israel hoje e amanhã, e em cada dia de luta até que o Hamas seja destruído de uma vez por todas”.

“O bem contra o mal”

Os oito pré-candidatos republicanos chegaram a Las Vegas para discursar para potenciais doadores, que esperavam ouvir como a retórica de apoio a Israel se traduziria na prática em um eventual novo governo republicano em 2024.

“O conflito entre Israel e o Hamas não é um conflito entre lados iguais. É uma luta entre a civilização e a barbárie”, disse Trump. O ex-presidente, líder das pesquisas, com 56,9% do apoio dos republicanos, arrancou aplausos ao prometer defender Israel “como ninguém nunca fez”.

DeSantis, o segundo nas pesquisas republicanas, alertou para uma escalada antissemita nas universidades americanas, defendendo uma ofensiva legislativa, além de um cerco econômico a centros de ensino, bem como medidas migratórias contra estudantes estrangeiros.

“Isto é sobre o bem contra o mal. Vocês, ou estão com Israel ou estão com as pessoas que massacram mulheres, crianças e idosos, e os sequestram”, disse a presidente do Comitê Nacional Republicano, Ronna McDaniel, marcando o tom do evento deste sábado.

“Precisamos de uma quimioterapia cultural para lutar contra este câncer”, disse o senador Tim Scott, da Carolina do Sul.

“Um subsídio federal para a educação não é um direito, é um privilégio. Estudantes estrangeiros poderem estudar aqui não é um direito, é um privilégio”, reforçou.

Este ano, com a escalada da violência no Oriente Médio após o ataque sem precedentes do grupo islamista Hamas a Israel em 7 de outubro, a segurança do evento foi reforçada com medidas extraordinárias e uma ampla mobilização das forças de ordem.

O evento também serviu para homenagear as vítimas israelenses do conflito.

O ataque do Hamas deixou mais de 1.400 mortos em Israel, segundo autoridades israelenses, que afirmam que o grupo islamista mantém 230 reféns sequestrados na Faixa de Gaza.

Enquanto isso, o ministério da Saúde do Hamas informou, em seu último balanço, divulgado neste sábado, que 7.703 pessoas, sobretudo civis, morreram nos bombardeios israelenses contra Gaza.

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