O plano de Boris Johnson de enviar solicitantes de asilo para Ruanda não “suporta o julgamento de Deus”, segundo o arcebispo de Canterbury. Em uma intervenção contundente, o chefe da Igreja da Inglaterra, Justin Welby, usou o sermão do Domingo de Páscoa para dizer que o princípio de deportar refugiados a 4 mil milhas do local onde buscaram refúgio é semelhante a “subcontratar nossas responsabilidades” e o “oposto da natureza de Deus”. A intervenção de Welby ocorre em meio a questões crescentes sobre a legalidade dos planos, anunciados pelo secretário do Interior, Priti Patel, em Kigali, que permitiriam a quem solicita refúgio passar pelo Reino Unido com uma passagem só de ida para o país autocrático da África Central.
O governo enfrentou novas críticas depois que o Observer foi informado de que crianças desacompanhadas também estariam entre os refugiados “altamente prováveis” de ser enviados a Ruanda. Especialistas em imigração dizem que uma “alta proporção” de crianças desacompanhadas que chegam ao Reino Unido em pequenos barcos tem sido classificada como adulta por funcionários do Ministério do Interior. O especialista em direito de refugiados Daniel Sohege, que trabalha para a instituição de caridade antitráfico infantil Love146 UK, disse que crianças de até 15 anos foram registradas como se tivessem 22 ou 23. “Isso significa que há uma grande chance de enviar crianças para Ruanda”, disse. “E, uma vez lá, não poderão ter suas avaliações de idade reavaliadas.” Enver Solomon, do Conselho de Refugiados, afirma: “O acordo revela que o governo britânico age com total descaso em relação ao bem-estar dos mais vulneráveis. É tratá-los como carga humana a ser enviada para Ruanda e esquecida”.
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