Mundo
Médicos defensores de tratamentos ineficazes contra Covid perdem licenças nos EUA
Órgão equivalente ao CFM puniu profissionais que lideram associação que propõe tratamento com ivermectina


Dois médicos que se tornaram expoentes da defesa de tratamentos ineficazes contra a Covid-19 nos Estados Unidos, Paul Marik e Pierre Kory, tiveram registros profissionais cassados pelo American Board of Internal Medicine (ABIM, entidade equivalente ao Conselho Federal de Medicina do Brasil).
Marik e Kory são os fundadores de um grupo chamado de Front Line Covid-19 Critical Care Alliance (FLCCC, algo como “Aliança para cuidados críticos na linha de frente contra a Covid-19”, em tradução livre). A organização insiste em promover tratamentos que já foram descartados pela comunidade médica internacional, especialmente com uso de ivermectina.
O grupo também é acusado por outras entidades e pela imprensa dos Estados Unidos de compartilhar desinformação sobre a pandemia do coronavírus.
Kory era habilitado para atuar em cuidados intensivos e problemas pulmonares, além da clínica geral. Marik atuava com cuidados intensivos e clínica geral. Com a revogação das certificações, os dois médicos estão agora impedidos de atuar em grandes hospitais ou universidades, por exemplo.
Em nota divulgada em seu site oficial, a FLCCC afirma que “discorda categoricamente” da decisão da ABIM, e afirma que a revogação dos títulos representa um “afastamento perigoso dos princípios fundamentais do debate científico”.
Apesar de defenderem tratamentos comprovadamente ineficazes, Marik e Kory insistiram, na nota, em discursos sobre “livre troca de ideias”, “silenciamento de pessoas que questionam as narrativas predominantes” e “coragem de desafiar as normas estabelecidas”.
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