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Massa, Milei ou Bullrich? Votação termina e cresce a expectativa por resultados na Argentina

A participação eleitoral era de 74% na hora do encerramento, de acordo com a Câmara Nacional Eleitoral

Sergio Massa, Patricia Bullrich e Javier Milei. Fotos: AFP
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Os centros de votação para as eleições presidenciais na Argentina fecharam neste domingo 22 às 18h. A participação eleitoral era de 74% na hora do encerramento, de acordo com a Câmara Nacional Eleitoral.

Os principais candidatos são:

  • Javier Milei, representante da ultradireita (La Libertad Avanza)
  • Sergio Massa, candidato do peronismo (Unión por la Patria); e
  • Patricia Bullrich, da direita (Juntos por el Cambio).

Um dos assessores de Milei, Guillermo Franco, afirmou que a disputa foi “muito equilibrada”.

“Ninguém pensa em vencer no primeiro turno. Acreditamos que haverá um segundo turno. Vamos aguardar o resultado da votação”, afirmou, logo após o encerramento das seções de votação, às 18h.

A maioria das pesquisas indicava um segundo turno entre Milei e Massa. Para vencer na primeira rodada, um candidato precisa de 45% dos votos, ou 40%, com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado.

A CNE ainda não divulgou qualquer parcial com a apuração dos votos.

Quem são os principais candidatos

Javier Milei

Economista de ultradireita e “libertário”, Milei trabalhou no setor privado até dois anos atrás. Tornou-se conhecido na televisão e depois viralizou nas redes sociais, nas quais conquistou parte dos jovens com um discurso, com uma retórica contra “a casta” do “establishment” político.

Concorrendo pelo partido La Libertad Avanza, ele promete dolarizar a economia, proibir o aborto, permitir o porte de armas, reduzir drasticamente os impostos e cortar os gastos públicos. Fez campanha segurando uma motosserra para simbolizar os cortes orçamentários que planeja fazer.

São frequentes as comparações com os ex-presidentes americano Donald Trump e  Jair Bolsonaro (PL), embora nenhum deles tenha ido tão longe a ponto de propor “dinamitar” o Banco Central. Para Milei, a instituição é “um mecanismo pelo qual os políticos fraudam os argentinos”.

Tem 52 anos, é solteiro e não tem filhos.

“O campo de Milei soube aproveitar muito bem o resultado após as primárias. Enquanto o governismo se questionava e se mantia em silêncio nos primeiros dias, o foco da mídia esteve nos representantes de La Libertad Avanza”, disse em entrevista a CartaCapital Mercedes Koch, mestre em Estudos Internacionais pela Universidade Torcuato di Tella, de Buenos Aires.

Sergio Massa

Como ministro da Economia desde 2022, Massa luta contra uma inflação anualizada de quase 140%, a perda do valor da moeda e o aumento da pobreza, a atingir 40% da população. Ele atribui a crise à dívida com o Fundo Monetário Internacional contraída pelo governo do neoliberal Maurico Macri em 2018, além da pandemia da Covid-19 e de uma seca histórica.

Sempre aberto ao diálogo, calmo e sorridente, esse advogado de 51 anos aposta em seus mais de 30 anos de carreira política. Baseou sua campanha em uma promessa de unidade, em contraste com a disrupção inflamada representada por Milei.

“Massa tem como seu principal trunfo ser aquele funcionário que surgiu como salva-vidas em um contexto delicado (após a renúncia do então ministro da Economia, Martín Guzmán, e a curta passagem de Silvina Batakis na pasta), momento em que começou a se destacar a sua participação na coalizão eleitoral”, analisa Mercedes Koch.

Ele concorre como candidato da Unión por la Patria, aliança de vários setores do peronismo, incluindo o de Cristina Kirchner, a vice-presidente. Ela e o presidente Alberto Fernández estiveram visivelmente ausentes da campanha presidencial.

Filho de imigrantes italianos, cresceu na periferia de Buenos Aires. É casado e tem dois filhos.

Patricia Bullrich

A candidata da coalizão de direita Juntos por el Cambio se apresenta como linha-dura. “É tudo, ou nada”, diz em suas mensagens da campanha.

Bullrich integrou a Juventude Peronista nos anos 1970, durante o auge da atividade guerrilheira dos Montoneros.

Foi ministra da Segurança no governo Macri (2015-2019) e ministra do Trabalho na gestão Fernando de la Rúa (1999-2001). Presidente licenciada do PRO, cultivou uma imagem de mulher determinada e intransigente.

Seu bisavô Honorio Pueyrredón foi um importante líder radical (social-democrata), e os Bullrich tiveram a mais importante casa de leilões de gado em Buenos Aires no século XIX. Seu cunhado Rodolfo Galimberti foi um importante líder dos Montoneros.

Tem um filho e é casada com o advogado Guillermo Yanco.

“Patricia Bullrich teve uma campanha difícil contra Milei, já que, por um lado, ela teve de buscar e convencer o eleitor dele, mas por outro teve de se diferenciar diante de posições semelhantes em certos temas, como segurança e defesa”, diz Koch a CartaCapital.

A emissora argentina Televisión Pública transmite a apuração em tempo real (em espanhol):

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