Lula: ‘O que o governo de Israel faz contra o povo palestino não é guerra, é genocídio’

O presidente voltou a criticar o governo de Benjamin Netanyahu pelos incessantes ataques à Faixa de Gaza

O presidente Lula em evento no Rio de Janeiro, em 23 de fevereiro de 2024. Foto: Fabio Porciuncula/AFP

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O presidente Lula (PT) voltou a afirmar, nesta sexta-feira 23, que o governo de Israel comete “genocídio” contra os palestinos na Faixa de Gaza. Ele havia se manifestado sobre o tema pela última vez no domingo 18, quando fez uma comparação indireta entre os ataques israelenses no enclave e o extermínio de judeus na Alemanha nazista.

“Eu não troco a minha dignidade pela falsidade. Quero dizer que sou favorável à criação do Estado palestino, livre e soberano. Que possa esse Estado viver em harmonia com o Estado de Israel”, disse o petista. “E quero dizer mais: o que o governo de Israel faz contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças.”

Os bombardeios e as incursões terrestres do Exército de Israel já deixaram quase 30 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local.

Ao comentário de Lula no último domingo, Tel Aviv reagiu em um tom que gerou indignação na diplomacia brasileira. Já na segunda 19, o Ministério das Relações Exteriores de Israel declarou o petista “persona non grata. Trata-se de um instrumento jurídico utilizado nas relações internacionais para sinalizar que um representante estrangeiro não é mais bem-vindo.

A reação, porém, não cessou e partiu para acusações publicadas pela gestão de extrema-direita de Benjamin Netanyahu nas redes sociais. Em uma delas, o perfil oficial do Estado de Israel no X alegou que Lula teria negado o Holocausto.

Em resposta, o chanceler Mauro Vieira declarou que Tel Aviv escreveu uma “vergonhosa página” ao atacar Lula “com recurso a linguagem chula e irresponsável”. O ministro classificou como “algo insólito e revoltante” a conduta israelense.


Durante passagem por Adis Adeba, na Etiópia, Lula afirmou: “É importante lembrar que em 2010 o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

“Não tente interpretar a entrevista que dei na Etiópia. Leia a entrevista, em vez de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel”, declarou o presidente nesta sexta. “O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas, e não está morrendo soldado, mas mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio.

Lula também voltou a criticar o Conselho de Segurança da ONU, que, segundo ele, “hoje não representa nada, não toma decisão para nada e não faz paz em nada”. Nesta semana, os Estados Unidos vetaram mais um projeto de resolução que pedia um cessar-fogo imediato em Gaza.

As declarações foram concedidas durante a cerimônia do programa Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

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2 comentários

Vilma Diuana de Castro 24 de fevereiro de 2024 14h37
Lula tem razão.
Fabiana Colturato Aidar 24 de fevereiro de 2024 21h46
A matança propositada do governo israelense sobre a população palestina é acobertada pelos países ricos e Lula tem a coragem de dizer publicamente o que é a realidade. Os interesses político-econômicos, como sempre, ficam acima de qualquer paz mundial! Palestina livre já!

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