O presidente Lula (PT) afirmou neste sábado 24 que a comunidade internacional abandonou o Haiti “à própria sorte” e denunciou a ação das gangues no país. Ele cobrou uma mobilização a fim de encontrar uma saída política para o problema.
As declarações foram concedidas em Paris, pouco antes de o petista embarcar de volta ao Brasil. Na capital francesa, ele participou da Cúpula do Novo Pacto Financeiro e de diversas outras atividades. Na quinta-feira 22, Lula se reuniu com o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry.
“Um país abandonado à própria sorte, dominado pelas gangues, onde não tem mais eleições há algum tempo. Tivemos uma boa reunião com o primeiro-ministro, uma reunião em que você fica constrangido. O mundo deveria assumir um pouco mais de responsabilidade”, criticou o presidente brasileiro.
Lula afirmou que o Brasil “passou 13 anos no Haiti” e foi o único país “que colocou dinheiro vivo lá, 40 milhões de dólares”. Ele disse, ainda, que Brasil e Cuba “fizeram em parceria um hospital lá, mas os países que ficaram de dar contribuição não deram”.
“Ninguém quer governar o Haiti, porque as gangues não deixam ninguém governar. É um enfrentamento direto com as gangues”, prosseguiu. “Conversei com [Emmanuel] Macron [presidente da França] sobre a necessidade de alguém puxar uma pauta e colocar o Haiti no centro da discussão.”
Lula disse que pretende levar o debate sobre a crise no Haiti ao G20 e aos Brics, porque o país “não pode ficar à própria sorte”.
“Esse país paga o preço de ser o primeiro país a conquistar a independência, o primeiro país em que os negros se libertaram. E o Haiti não consegue andar.”
Na semana passada, o ministro de Planejamento e Cooperação Externa do Haiti, Ricard Pierre, afirmou que o risco de guerra civil no país será bastante elevado sem a intervenção de uma força internacional que ajude a polícia.
“O governo solicitou ajuda internacional na forma de uma força armada robusta e com um mandato claro para apoiar a polícia nacional haitiana”, declarou Pierre, em uma conferência da ONU sobre o drama humanitário na nação caribenha. “O certo é que, se este pedido não for atendido em um prazo razoável, o risco de guerra civil é quase certo.”
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