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Luís Montenegro, líder da direita, nomeado primeiro-ministro de Portugal

Advogado de formação e parlamentar de 51 anos assume o lugar do socialista António Costa, que estava no poder desde o final de 2015

Luis Montenegro Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
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O líder de direita moderada, Luís Montenegro, foi nomeado primeiro-ministro de Portugal na madrugada desta quinta-feira (21, noite de quarta em Brasília), após a vitória nas eleições legislativas de 10 de março, mas terá que governar em minoria, negociando com a extrema direita.

Este advogado de formação e parlamentar de 51 anos assume o lugar do socialista António Costa, que estava no poder desde o final de 2015.

O candidato da Aliança Democrática (AD) apresentará na próxima quarta-feira a composição de seu governo, que assumirá funções em 2 de abril, disse em breve declaração à imprensa após se reunir com o presidente português, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa.

O encontro marcou o fim do processo de consultas iniciado pelo chefe de Estado com os partidos com representação parlamentar antes de convidar o vencedor das eleições a formar o novo governo.

Os resultados completos, anunciados em paralelo, mostraram que a AD obteve uma vantagem muito apertada sobre o Partido Socialista (PS).

A formação de Montenegro conquistou 28,8% dos votos e 80 deputados de um total de 230. Ficou aquém dos 116 necessários para obter maioria absoluta, mas seu líder afirmou estar preparado para governar em minoria.

“É uma maioria relativa […] É com base nesta maioria que, se o presidente da República assim o entender, apresentaremos nosso governo”, afirmou nesta quarta-feira após uma primeira audiência com o chefe de Estado.

Desorientados pela renúncia de Costa, que não se candidatou a um novo mandato após ser citado em uma investigação por tráfico de influências, os socialistas terminaram em segundo lugar, com 28% dos votos e 78 assentos.

A surpresa foi protagonizada pelo partido de extrema direita Chega, que reforçou seu status de terceira força e passou de 12 para 50 deputados, com 18,1% dos votos.

‘Condenado à negociação’

Seu presidente, André Ventura, reiterou na segunda-feira sua vontade de alcançar um acordo com a direita moderada para formar uma maioria estável, sem necessariamente entrar no governo, mas ameaçou se opor a ela se não abrisse negociações.

No entanto, Montenegro repetiu após sua vitória que não queria liderar o país com o apoio da extrema- direita, como já havia declarado durante a campanha.

O novo líder do PS, Pedro Nuno Santos, ofereceu-se na terça-feira para votar uma retificação do orçamento que aumente os salários de professores, policiais e profissionais de saúde e judiciais.

Mas ele disse que um voto favorável de seu partido ao orçamento do estado para 2025 era “praticamente impossível”.

Em Portugal, o governo não precisa de uma votação parlamentar para assumir funções. Mas a tramitação do orçamento no próximo outono no hemisfério norte é vista como o primeiro teste importante para o primeiro-ministro.

“Será sempre um governo condenado à negociação, porque este é o destino dos governos minoritários”, comentou o cientista político António Costa Pinto à AFP.

Mas o governo não será necessariamente instável, porque “nenhum dos atores tem interesse em desencadear uma crise” a curto prazo, diz este analista do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

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