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Kim Jong-un defende aproximação com a Rússia em reunião com Putin

No encontro em Vostochni, o líder da Coreia do Norte afirmou que transformará as relações com a Rússia na “prioridade máxima” de sua diplomacia

Foto: Mikhail METZEL / POOL / AFP
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O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou nesta quarta-feira (13) que é “prioridade máxima” fortalecer as relações com a Rússia durante uma reunião nesta quarta-feira (13) com o presidente Vladimir Putin. O encontro, segundo o governo dos Estados Unidos, pode resultar em um acordo para a venda de armas.

Depois de visitar as instalações do cosmódromo de Vostochni, incluindo uma área de montagem de foguetes Angara russos de nova geração, os dois líderes iniciaram as conversas na presença de suas delegações e, em seguida, de maneira reservada, um encontro que durou mais de duas horas, segundo as agências de notícias russas.

“Estou muito feliz de encontrá-lo. Agradeço por aceitar nosso convite”, disse Putin ao lado de Kim, antes do início da reunião, segundo imagens exibidas pela televisão russa.

Kim afirmou que a Coreia do Norte transformará as relações com a Rússia na “prioridade máxima” de sua diplomacia.

“Aproveito esta oportunidade para afirmar que sempre estaremos com a Rússia”, disse, antes de destacar que a reunião é um “trampolim” para fortalecer as relações.

“A Rússia enfrenta atualmente (…) forças hegemônicas para proteger os seus interesses de segurança. Sempre expressamos o nosso apoio total e incondicional a todas as medidas tomadas pelo governo russo”, acrescentou.

Putin disse que muitos temas seriam abordados no encontro, incluindo a “situação na região e a cooperação econômica”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência TASS, anunciou horas antes que os dois líderes conversariam “frente a frente”, após discussões bilaterais.

A reunião poderia resultar, segundo Washington, em um acordo de venda de armas para apoiar a ofensiva russa na Ucrânia.

As agências de notícias russas informaram que os ministros da Defesa, Serguei Shoigu, e das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, participaram nas discussões bilaterais, assim como titular da pasta da Indústria, Denis Manturov.

Antes da reunião, Peskov afirmou que os dois governantes abordariam “temas delicados”, sem considerar as “advertências americanas”.

Temores de Washington

Washington teme que a Rússia receba armas da Coreia do Norte para suas operações militares na Ucrânia. Pyongyang está sob sanções devido a seus programas de desenvolvimento nuclear e de mísseis.

Kim Jong-un saiu no domingo à noite de Pyongyang a bordo de um trem blindado. Na tarde desta quarta-feira ele chegou ao cosmódromo e cumprimentou Vladimir Putin, segundo um vídeo publicado pelo Kremlin.

Esta foi a primeira reunião entre os dois governantes desde a viagem de Kim Jong-un a Vladivostok em 2019.

O líder norte-coreano, acompanhado de comandantes militares, faz sua primeira viagem ao exterior desde o início da pandemia de covid-19.

Durante a visita de Kim à Rússia, a Coreia do Norte lançou um “míssil balístico não identificado em direção ao Mar do Leste”, anunciou o Estado-Maior Conjunto em Seul, utilizando o nome coreano para o Mar do Japão. Tóquio citou os lançamentos de dois mísseis balísticos.

A escolha do cosmódromo para o encontro é simbólica. Putin citou a possibilidade de a Rússia ajudar a Coreia do Norte a construir satélites, depois que Pyongyang fracassou em duas tentativas recentes de colocar um satélite espião militar em órbita.

“Por isso que viemos até aqui. O líder da Coreia do Norte mostra grande interesse na tecnologia de foguetes. Eles estão tentando desenvolver seu programa espacial”, disse Putin, segundo as agências de notícias russas.

A Rússia está interessada no arsenal de projéteis de artilharia da Coreia do Norte, provavelmente utilizados na Ucrânia, enquanto Pyongyang busca ajuda para modernizar seus equipamentos da era soviética, em particular para a Força Aérea e a Marinha.

Na semana passada, a Casa Branca advertiu que a Coreia do Norte “pagaria o preço” se fornecesse armas à Rússia para o conflito na Ucrânia.

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