Mundo

Kiev reconhece a morte de 9.000 soldados em seis meses de conflito

Esta é uma das raras declarações de oficiais ucranianos sobre as perdas militares nesta guerra, iniciada em 24 de fevereiro por Moscou

Soldados ucranianos em um blindado em Donetsk. Foto: Anatolii Stepanov / AFP
Apoie Siga-nos no

A Ucrânia admitiu nesta segunda-feira (22) que cerca de 9.000 de seus soldados foram mortos desde o início da invasão russa há seis meses, enquanto a União Europeia estuda uma missão de “treinamento” do exército ucraniano diante de uma “guerra que dura”.

Ao discursar em um fórum em Kiev, o comandante em chefe do exército ucraniano, o general Valery Zaluzhny, disse que as crianças ucranianas precisam de atenção especial porque seus pais foram seguiram o ‘front’ e “provavelmente estão entre os quase 9.000 heróis que foram mortos”.

Esta é uma das raras declarações de oficiais ucranianos sobre as perdas militares nesta guerra, iniciada em 24 de fevereiro por Moscou.

A estimativa anterior data de meados de abril, quando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mencionou o número de 3.000 soldados ucranianos mortos e cerca de 10.000 feridos desde o início da ofensiva russa.

Enquanto muitos países europeus estão fornecendo equipamentos militares para a Ucrânia, a UE planeja organizar uma missão de “treinamento e assistência” ao exército ucraniano que ocorrerá em países vizinhos, informou o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell.

A proposta será discutida na próxima semana em Praga no Conselho de ministros da Defesa dos países-membros da UE.

“Guerra que dura”

“Uma guerra que dura e parece que vai durar exige um esforço não só de fornecimento de equipamentos, mas também de treinamento e ajuda na organização do exército”, comentou Borrell em entrevista coletiva na Espanha.

“Estamos diante de uma guerra em larga escala, uma guerra convencional com meios extraordinariamente grandes e centenas de milhares de soldados”, explicou.

“Esta não é uma guerra pequena”, insistiu o alto representante da UE, de nacionalidade espanhola.

“Dez milhões de ucranianos deixaram seu país, é como se 20% dos espanhóis tivessem deixado a Espanha”.

“Estamos em um momento em que a frente está se estabilizando. Mesmo que o exército russo continue tentando ofensivas (limitadas), vemos uma perda de ímpeto; Moscou está em posição defensiva em grande parte da frente e parte de sua retaguarda na Ucrânia”, comentou à AFP Dimitri Minic, pesquisador do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).

Dois aviões do exército dos Estados Unidos sobrevoarão vários países do sudeste da Europa nesta segunda-feira, numa nova demonstração de força para assegurar o “compromisso” americano ao lado dos membros da Otan no contexto da guerra na Ucrânia, anunciou por sua vez o comando americano.

Esta tarde, os bombardeiros B-52 Stratofortress baseados no Reino Unido “realizarão sobrevoos em baixa altitude no sudeste da Europa”, explicou o Exército em comunicado.

Explosão de carro em Moscou 

No campo de batalha, o ministério da Defesa russo anunciou nesta segunda-feira que suas tropas mataram até 100 soldados ucranianos em três localidades diferentes na região de Donetsk, 30 na região de Zaporozhzhia, bem como 50 na região de Mykolaiv, no leste da Ucrânia.

Dezenas de veículos blindados ucranianos foram destruídos, junto com oito postos de comando, um lançador de mísseis antiaéreos Buk-M1 e seis depósitos de armas e munições para foguetes e artilharia, segundo o ministério.

Os Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia acusou os “serviços especiais” ucranianos de terem matado a filha de um renomado ideólogo próximo ao Kremlin, que faleceu na noite de sábado na explosão de seu carro perto de Moscou.

De acordo com um comunicado do FSB citado por agências de notícias russas, o carro dirigido por Daria Dugina foi sabotado por uma mulher de nacionalidade ucraniana nascida em 1979, que chegou à Rússia em julho com sua filha menor de idade.

Esta mulher ucraniana fugiu para a Estônia com sua filha.

Jornalista e cientista política nascida em 1992, Daria Dugina era filha de Alexandre Dugin, ideólogo e escritor ultranacionalista que promove uma doutrina expansionista e feroz defensor da ofensiva russa na Ucrânia.

A Ucrânia negou no domingo qualquer envolvimento na morte de Dugina.

“A Ucrânia certamente não tem nada a ver com a explosão (no sábado), porque não somos um Estado criminoso”, disse um assessor da presidência ucraniana, Mikhaïlo Podoliak.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo