Justiça espanhola absolve Neymar de supostas irregularidades na contratação pelo Barcelona em 2013

A justiça da Espanha absolveu nesta terça-feira (13) o astro brasileiro Neymar e os demais processados pelas supostas irregularidades cometidas em sua contratação pelo FC Barcelona em 2013. O Ministério Público espanhol retirou as acusações na reta final do julgamento que teve início em outubro.

“A audiência absolve Neymar e os demais processados por corrupção entre particulares e fraude”, anunciou o tribunal da Audiência de Barcelona em um comunicado. Com a decisão, todos os acusados pelo fundo de investimentos brasileiro DIS por suposta corrupção foram inocentados.

Além de Neymar, os pais dele, os ex-presidentes do Barcelona, Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, e o ex-presidente do Santos, Odílio Rodrigues Filho, também eram processados, assim como três pessoas jurídicas: FC Barcelona, Santos FC e a empresa fundada pela família do jogador para administrar a sua carreira.

Com a acusação de crime de corrupção empresarial, o Ministério Público havia pedido, incialmente, dois anos de prisão para o jogador brasileiro, além de pagamento de multa de € 10 milhões.

O julgamento começou um mês antes do início do Mundial do Catar, onde “Ney” e a Seleção foram eliminados nas quartas-de-final pela Croácia.

A promotoria, que havia endossado as acusações do DIS, finalmente considerou que elas “não foram construídas com base em evidências”, mas “em presunções” e que os autos se enquadravam na justiça cível e não criminal.

Pai assinava tudo

Ao prestar depoimento no processo sobre as supostas irregularidades, em 18 de outubro, em Barcelona, Neymar havia dito que assinava os documentos apresentados por seu pai. Ao ser questionado se havia intercedido nos contatos com o Barcelona para a sua transferência, o agora atacante do Paris Saint-Germain, disse que não se lembrava. Já sobre as negociações de contratos, Neymar afirmou: “Meu pai sempre cuidou de tudo, sempre foi responsável por isso”.

Todos os réus eram acusados pelo fundo de investimentos DIS, que possuía parte dos direitos econômicos de Neymar quando ele ainda era uma jovem promessa, pela suposta ocultação do valor real de sua transferência para o Barça em 2013.

Restituição

Para o DIS, o Barça, Neymar e mais tarde o Santos, se aliaram para ocultar o valor real da operação por meio de outros contratos. A empresa, que adquiriu 40% dos direitos econômicos do jogador em 2009, recebeu € 6,8 milhões dos € 17,1 pagos oficialmente ao clube brasileiro.

“Neymar Júnior, com a conivência de seus pais e do FC Barcelona, e seus dirigentes no momento, e do Santos FC (…) fraudou os legítimos interesses econômicos do DIS”, afirmou Paulo Nasser, advogado do empresa, que denuncia que os direitos do jogador “não foram vendidos para a maior proposta”.

O DIS pedia a restituição dos € 35 milhões que calcula ter perdido por se considerar duplamente prejudicado. O fundo diz não ter recebido sua parte da transferência real. Além disso, o contrato de exclusividade assinado por Neymar e o Barça impediu outros clubes de disputar a contratação do atacante. O grupo pedia ainda cinco anos de prisão para o jogador, Rosell e Bartomeu, além de multas milionárias.