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Justiça do Peru rejeita pedido de Pedro Castillo para anular prisão

O ex-presidente peruano foi detido após tentar instaurar um regime de exceção

Justiça do Peru rejeita pedido de Pedro Castillo para anular prisão
Justiça do Peru rejeita pedido de Pedro Castillo para anular prisão
Pedro Castillo, ex-presidente do Peru. Foto: Flickr/Presidencia Perú
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A Sala Penal Permanente da Suprema Corte Peruana, uma das nove turmas do Judiciário do país, rechaçou a apelação do ex-presidente Pedro Castillo que pedia a anulação de sua “detenção preliminar”, uma espécie de prisão cautelar, pelos crimes de rebelião e conspiração.

Castillo está preso desde a quarta-feira 7, quando tentou, sem sucesso, instaurar um “governo de exceção”. O seu comunicado foi ignorado pelo Congresso, que aprovou o impeachment no mesmo dia.

Depois da destituição de Castillo, o Congresso avalizou a retirada de seu antejuízo, uma tratamento diferenciado para autoridades que enfrentam processos judiciais. Com a medida, o Ministério Público apresentou uma denúncia.

Foi com base na representação do MP peruano que a Justiça ordenou a prisão de Castillo por sete dias.

A defesa do ex-presidente afirma que não houve a prática do que o Código Penal, no artigo 346, prevê como crime de rebelião, porque não houve uso de armamento. O CP diz que “aquele que se levantar em armas” para mudar a forma de governo, depor o governo legalmente constituído ou suprimir ou modificar o regime constitucional será reprimido com pena privativa de liberdade não inferior a dez nem superior a vinte anos.

Já o delito de conspiração está previsto no artigo 349, a tratar do cenário em que se juntam duas ou mais pessoas para fazer uma rebelião. Além de Castillo, foram denunciados os ex-ministros Willian Huerta (Interior) e Roberto Sánchez (Comércio Exterior e Turismo) e a ex-primeira-ministra Betssy Chávez.

Também se argumenta que não há um decreto a documentar que de fato ele ordenou a dissolução do Congresso, apesar de o comunicado sobre essas medidas ter ocorrido por meio de pronunciamento em rede nacional.

O entendimento da Justiça, no entanto, é de que o crime de rebelião não se dá unicamente mediante o uso de armas e que as circunstâncias são suficientes para demonstrar o objetivo de retirar o poder das instituições democráticas.

Com a decisão da Justiça, a prisão preventiva tem o prazo esgotado somente na quarta-feira 14, com a possibilidade de renovação. Nas redes sociais, Castillo publicou uma nova carta, em que pede que as Forças Armadas deponham as armas e interrompam o que chamou de “grave massacre” às manifestações nas ruas nos últimos dias.

Na segunda-feira 12, Castillo chegou a chamar sua ex-vice, agora presidenta, Dina Boluarte, de “usurpadora”. Em nota, ele disse que ainda se reconhece como presidente do país e que não pretende renunciar.

A bandeira dos partidários do Peru Libre, legenda que abrigava o então presidente, é de que Castillo seja libertado e de que sejam convocadas novas eleições gerais já para o início do ano que vem. A nova chefe do Executivo, porém, apresentou um projeto de lei para que a eleição ocorra somente em 2024.

Nesta semana, embaixadas de quatro países, governados por líderes que se identificam com a esquerda, manifestaram respaldo a Castillo: Argentina, Bolívia, Colômbia e México.

Em comunicado conjunto, as quatro nações latinas afirmaram que o presidente do Peru sofre uma “perseguição antidemocrática” desde que tomou posse, em julho do ano passado. O documento também diz que o tratamento judicial dado ao ex-presidente viola a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos.

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