Mundo
Jornal venezuelano independente para de circular por pressão estatal
Último diário crítico ao governo de circulação nacional do país, “El Nacional” encerra edição impressa depois de 75 anos
O último grande jornal oposicionista na Venezuela, El Nacional, encerrou sua edição impressa depois de 75 anos, em meio à pressão do regime de Nicolás Maduro. O Estado venezuelano controla as importações do papel de impressão usado pelo diário.
O popular El Nacional interrompeu por completo sua edição impressa, mas seguirá com publicações na internet. Seus editores culpam a pressão exercida pelo governo. Assim, a Venezuela fica sem nenhum jornal impresso independente de circulação nacional.
“Nós suportamos mais do que os outros. Conseguiram silenciar o rádio e a televisão, éramos o último jornal nacional que mantinha edição impressa”, salientou o presidente-executivo do El Nacional, Miguel Otero, em entrevista ao diário espanhol ABC. “Mas no fim não conseguimos persistir.”
Segundo os editores, a razão imediata para o encerramento da edição impressa é a falta de papel, pois na Venezuela a importação de papel requer permissão especial do governo.
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Vários outros jornais menores também se viram forçados a suspender suas versões impressas.
O El Nacional conseguiu continuar seu trabalho graças a doações de papel da mídia local e de países estrangeiros. O jornal já precisara cortar sua circulação e o número de páginas. Otero relata que o diário também foi atingido por ações judiciais apoiadas pelo governo, revisões de impostos e restrições de anúncios publicitários. Anos atrás, o presidente do jornal foi forçado a deixar a Venezuela para fugir da repressão.
Apesar de admitir que a interrupção da edição impressa ser uma “medida drástica”, ele frisou que o jornal não estava fechando e descreveu a suspensão como “temporária”.
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O gerente geral do diário, Jorge Makriniotis, prometeu, em carta enviada aos funcionários e publicada no site do El Nacional, que os trabalhos continuarão. “El Nacional não morreu, mas se reinventa para apostar no futuro. Porque ninguém vai nos calar.”
A Venezuela tem o maior número de jornalistas presos pelo exercício da profissão na América, com três detenções em 2018. O Brasil registrou uma detenção. No mundo todo houve um aumento pelo terceiro ano consecutivo: 251 jornalistas foram presos, a maioria deles na Turquia (68), seguida pela China (47), de acordo com relatório publicado nesta quinta-feira pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
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