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Irlanda deve criar emenda para “devolver” imigrantes ilegais que fugirem do Reino Unido

Emenda tenta ‘fechar brecha’ deixada pelo programa de expulsão de imigrantes ilegais do Reino Unido para Ruanda

Imigrantes tentam fugir do Reino Unido após aprovação da lei que prevê deportação de ilegais para Ruanda. Foto: Sameer Al-DOUMY / AFP
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O Parlamento britânico adotou na segunda-feira passada (22) um projeto de lei que autoriza a expulsão para Ruanda de imigrantes que cheguem ilegalmente ao Reino Unido para pedir asilo. A ameaça de deportação para o país africano, situado a 7 mil quilômetros de distância da Inglaterra, poderia levar os imigrantes clandestinos a buscar refúgio na Irlanda, o país mais próximo do Reino Unido, o que preocupa o governo.

“A Irlanda não será uma válvula de escape para os desafios migratórios do Reino Unido”, disse neste domingo (28) o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris. O acordo entre o governo britânico e o de Ruanda prevê que as expulsões comecem “entre 10 e 12 semanas”, de acordo com premiê britânico Rishi Sunak.

Segundo o governo irlandês, 80% das chegadas recentes de estrangeiros ilegais à República da Irlanda ocorreram através da fronteira com a Irlanda do Norte, que pertence ao Reino Unido. Uma das explicações possíveis para esse fluxo é que muitos migrantes, temendo serem enviados para Ruanda nas próximas semanas, se mudem para o país vizinho.

Por precaução, o governo irlandês espera criar, em caráter de urgência, uma legislação para devolver para o Reino Unido os estrangeiros clandestinos que chegarem ao seu território. Para isso, a ministra da Justiça irlandesa, Helen McEntee, deve apresentar um projeto de emenda constitucional nesta terça-feira (30).

Segundo a ministra, o aumento do número de migrantes que chegaram do Reino Unido nos últimos meses também está relacionado à abertura da fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda após o Brexit, em 2020.

“O que já está claro após o Brexit é o aumento do número de requerentes de asilo no Reino Unido”, disse Helen McEntee ao canal RTE. Ela afirmou que discutirá o assunto com o ministro do Interior britânico, James Cleverly, durante uma visita a Londres nesta segunda-feira.

Brexit diminuiu controle entre fronteiras no Reino Unido

“Minha preocupação como ministra da Justiça é a criação de um sistema e de estruturas de imigração eficazes”, acrescentou. “Por isso vou apresentar uma lei urgente nesta semana para garantir que possamos de fato devolver as pessoas ao Reino Unido”, concluiu.

Desde que o Reino Unido deixou o bloco europeu, a fronteira entre o país e a Irlanda tem poucos controles migratórios, como prevê o acordo do Brexit. O objetivo é evitar tensões entre o norte e o sul da Irlanda, que já tem um passado de conflitos internos.

Um porta-voz do governo britânico disse ao jornal The Guardian que Londres não aceitará qualquer retorno de imigrantes que pedem asilo na UE passando pela Irlanda, “até que a União Europeia concorde que podemos devolvê-los à França”.

“Estamos totalmente focados na implementação do plano do Ruanda e continuaremos a trabalhar com os franceses para impedir que barcos” de imigrantes ilegais atravessem o Canal da Mancha, acrescentou o primeiro-ministro irlandês.

(RFI e AFP)

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