Uma investigação do jornal americano New York Times apontou que tiro que matou a jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh veio vindo da localização de um veículo militar israelense.
A correspondente do canal Al Jazeera foi atingida por uma bala quando descia uma rua em direção a um comboio militar de Israel, em maio deste ano.
Autoridades palestinas afirmaram que Abu Akleh foi morte intencionalmente por um soldado israelense, enquanto usava um colete que a identificava como jornalista.
Apesar de contradizerem a informação, autoridades israelenses disseram que um soldado poderia ter atirado na jornalista por engano e sugeriram e existência de um atirador palestino no local.
Uma análise preliminar do Exército de Israel concluiu que “não era possível determinar inequivocamente a origem do tiroteiro”.
Evidências coletadas pelo jornal americano mostram, contudo, que não havia palestinos armados na região que a jornalista foi alvejada, contrariando a narrativa de que um atirador israelense poderia ter errado o alvo.
A investigação também revelou que, ao todo, 16 tiros foram registrados no local onde estaria o comboio israelense – diferentemente do que alegaram as autoridades israelenses que pontuaram que foram feitos cinco disparos.
No entanto, o levantamento não concluiu se os tiros disparados contra a jornalista e seus colegas foram intencionais. A apuração do jornal contou com vídeos coletados, entrevistas com testemunhas e análises de especialistas.
Peritos balísticos identificaram a localização dos disparos calculando a distância entre o som dos disparos e o tempo que a bala levava para passar pelos microfones dos jornalistas.
Segundo o especialista responsável, os tiros foram disparados entre 181 a 211 metros de onde estava Abu Akleh. Vídeos de câmeras de vigilância e vídeos feitos por locais antes do tiroteio mostram que o primeiro veículo do comboio israelense estava a poucos metros do alcance calculado pelos peritos.
Ainda de acordo com testemunhas, atiradores palestinos estavam localizados a cerca de 330 metros de distância dos jornalistas, bem fora do alcance estimado pelos especialistas.
Abu Akleh cobria o conflito israel-palestino na Cisjordânia há mais de duas décadas. Sua morte provocou indignação internacional e relevou os perigos da vida na região sob ocupação militar israelense.
No dia 11 de maio, a jornalista estava na região de Jenin para cobrir os ataques militares de Israel na cidade.
Naquela semana, uma onda de ataques palestinos matou 19 israelenses e estrangeiros. A informação é de que os agressores seriam da região de Jenin.
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