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Instabilidade, pobreza, desastres naturais: cinco coisas a saber sobre o Haiti

O presidente do País, Jovenel Moise, foi assassinado nesta quarta-feira 7

Herlande Mitile, sobrevivente do terremoto no Haiti (Foto: Chandan Khanna / AFP)
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O Haiti, onde o presidente Jovenel Moise foi assassinado nesta quarta-feira 7, é um país muito pobre que enfrenta instabilidade crônica e está especialmente exposto a desastres naturais.

Ilha compartilhada

O Haiti ocupa um terço da ilha caribenha de Santo Domingo, localizada entre Cuba e Porto Rico, que compartilha com a República Dominicana.

Sua população é de 11,4 milhões, segundo o Banco Mundial.

Sob o domínio espanhol até 1697, e depois francês, o Haiti se tornou a primeira república negra independente em 1804, após uma revolta de escravos liderada por Toussaint Louverture.

Instabilidade política crônica

Desde sua independência, o Haiti passou por uma sucessão de ditaduras, intercaladas com algumas mudanças democráticas e ocupações estrangeiras.

De 1957 a 1986, François Duvalier (conhecido como “Papa Doc”), e mais tarde seu filho Jean-Claude (“Baby Doc”) submeteram a população a um controle total sob o comando dos esquadrões da morte, os “tontons macoutes”.

Derrubado por uma revolta popular em 1986, “Baby Doc” exilou-se na França por 25 anos, antes de retornar ao Haiti, onde morreu em 2014.

Em 1990, o padre Jean-Bertrand Aristide foi eleito nas primeiras eleições livres. Derrubado por um golpe em 1991, ele foi para o exílio e voltou ao Haiti em 1994 após uma intervenção dos Estados Unidos. Um de seus parentes, René Préval, assumiu a presidência em 1996.

Jean-Bertrand Aristide voltou à presidência em 2001. Sob pressão americana, francesa e canadense, uma insurreição armada e uma revolta popular, ele renunciou em 2004 e foi para o exílio.

René Préval, que assumiu o poder em 2006, é o único líder haitiano a ter cumprido os dois mandatos permitidos pela Constituição.

Moise, presidente impugnado e assassinado

Moise, que tomou posse como presidente em 2017 após uma longa crise eleitoral, rapidamente se tornou o alvo da ira popular, alimentada em particular pelo aumento dos preços e posterior escassez de combustível.

Em 2019, foi acusado de peculato antes de assumir o cargo. A partir de 2020, sem Parlamento, o presidente passou a governar por decreto.

Embora a Justiça tenha decretado o fim do seu mandato em 7 de fevereiro de 2021, Moise permaneceu no poder alegando que lhe faltava um ano, já que havia sido eleito em votação anulada por fraude e reeleito um ano depois.

Moise foi assassinado na manhã desta quarta-feira em sua casa, dois dias depois de ter nomeado um novo primeiro-ministro para organizar eleições gerais.

Um dos países mais pobres

O Haiti é o país mais pobre da América Latina e do Caribe e um dos mais pobres do mundo, segundo o Banco Mundial (BM), com 60% de sua população abaixo da linha da pobreza.Jovenel Moise

O PNUD classifica-o em 170º de 189º em seu Índice de Desenvolvimento Humano.

Seu PIB contraiu cerca de 3,8% em 2020, já que a pandemia do coronavírus exacerbou a já fraca economia e a instabilidade política, de acordo com o Banco Mundial.

O Haiti é um dos poucos países que ainda não iniciou sua campanha de vacinação contra a covid-19. A maioria da população não tem acesso a cuidados básicos de saúde.

Terremotos e furacões

O Haiti é muito vulnerável a desastres naturais, aos quais 96% de sua população está exposta (BM).

Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7 devastou a capital, Porto Príncipe, e sua região, matando mais de 200 mil pessoas, ferindo outras 300 mil e deixando 1,5 milhão de desabrigados.

Grande parte dos bilhões da ajuda internacional prometida nunca chegou e os esforços do país para se recuperar foram contidos pela instabilidade política.

Em 2018, eclodiu um escândalo sobre abusos sexuais cometidos por alguns funcionários da ONG britânica Oxfam após o terremoto.

Além disso, mais de 10 mil haitianos morreram de cólera, introduzida no país em 2010 pelas forças de manutenção da paz nepalesas.

O Haiti foi devastado em 2016 pelo furacão Matthew (mais de 500 mortos, quase US $ 2 bilhões em danos).

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