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Incêndio atinge bloco da grande usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, declarou que ‘o exército russo está atirando de todos os lados’; Moscou ainda não se manifestou

Foto: Reprodução
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Parte da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, pegou fogo na madrugada desta sexta-feira 4 (horário local), segundo o prefeito de Energodar, Dmytro Orlov.

“A usina de Zaporizhzhia está notificando uma ameaça no primeiro bloco. O fogo na usina continua. Os bombeiros não conseguem chegar ao local do incêndio”, escreveu Orlov nas redes sociais.

O porta-voz da usina confirmou a informação via Telegram. “Após um bombardeio das forças russas na usina nuclear de Zaporizhzhia, foi registrado um incêndio”, afirmou Andrei Tuz em um vídeo.

Pelas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, declarou que “o exército russo está atirando de todos os lados contra a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior usina nuclear da Europa”. E emendou: “O fogo já começou. Se explodir, será 10 vezes maior que Chernobyl. Os russos devem cessar imediatamente o fogo, permitir os bombeiros e estabelecer uma zona de segurança”.

Moscou ainda não se manifestou oficialmente sobre o episódio.

Mais cedo, ao jornal britânico The Guardian, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica – IAEA, na sigla em inglês -, Rafael Grossi, disse que o governo russo informou ao órgão que suas tropas assumiram o controle da área ao redor da usina, que abriga seis dos 15 reatores da Ucrânia.

Após o incêndio, a agência se manifestou pelas redes sociais: “Diretor Geral da IAEA, Rafael Grossi, fala com o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal, e com o regulador nuclear ucraniano sobre a séria situação na Usina Nuclear de Zaporizhzhia, apela para a suspensão do uso da força e alerta para um grave perigo se os reatores forem atingidos”.

Minutos depois, a agência afirmou que “o regulador da Ucrânia disse que não houve nenhuma mudança relatada nos níveis de radiação na área da Usina Nuclear de Zaporizhzhia”.

Na terça-feira 1º, militares russos já reivindicavam o controle do território ao redor de Energodar, mas, na quarta, enfrentaram a resistência de trabalhadores da usina e de civis ucranianos, que bloquearam o acesso à cidade, de acordo com emissoras norte-americanas.

Energodar fica a 675 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia, e a 220 quilômetros de Kherson, principal cidade conquistada pelos russos até aqui.

No fim da semana passada, tropas de Vladimir Putin já haviam assumido o controle da usina nuclear de Chernobyl, palco do pior acidente nuclear da história.

Mesa de negociações

As delegações russa e ucraniana concordaram com a criação de corredores humanitários para evacuar civis, o que pressupõe um cessar-fogo temporário durante a retirada, confirmaram representantes dos dois lados. O avanço ocorreu na segunda rodada de negociações, nesta quinta-feira 3, em Belarus. Não houve, porém, acordo sobre o fim dos conflitos.

“A segunda rodada de negociações acabou. Infelizmente, a Ucrânia ainda não tem os resultados de que precisa. Há apenas decisões sobre a organização de corredores humanitários”, disse o assessor da Presidência da Ucrânia Mikhailo Podolyak nas redes sociais.

Citado pela agência russa Tass, Vladimir Medinsky, chefe da delegação de Vladimir Putin, classificou os acordos alcançados como um progresso significativo, em especial sobre os corredores humanitários.

“A principal questão resolvida hoje é a de salvar pessoas, civis, que se encontravam na zona de confrontos. Portanto, as partes concordaram sobre o formato para manter os corredores humanitários”, disse Medinsky, conforme a Tass.

Segundo o russo, os dois lados discutiram em Belarus três aspectos: os militares, os humanitários e os relacionados a uma futura solução política do conflito. “As posições são absolutamente claras, estão escritas ponto a ponto. Conseguimos encontrar entendimento mútuo para algumas delas.”

De acordo com a agência russa Sputnik News, Ucrânia e Rússia decidiram promover uma terceira rodada de negociações “no futuro próximo”.

Em discurso, Putin não recua

Vladimir Putin afirmou nesta quinta 3 que a operação militar deflagrada contra a Ucrânia avança conforme o planejado e que as missões são executadas “com sucesso”. Disse também que suas tropas lutam contra “neonazistas” para apoiar russos e ucranianos, que formam “um só povo”.

Em declaração ao Conselho de Segurança russo, Putin acusou “nacionalistas” e “mercenários estrangeiros” na Ucrânia de utilizar civis como escudos humanos no conflito.

“Nossos soldados lutam com firmeza e plena compreensão da justiça de sua causa. Mesmo depois de feridos, permanecem em formação e se sacrificam […] para salvar camaradas e civis”, afirmou o líder da Rússia.

Putin ainda disse que as forças ucranianas descumpriram uma promessa de remover equipamentos militares pesados de áreas residenciais. Em vez de cumprir os acordos, alegou, “tanques, artilharia e morteiros estão sendo implantados adicionalmente”.

Pouco antes do pronunciamento de Putin, o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, acusou o Ocidente de intensificar o envio à Ucrânia de soldados contratados de empresas militares privadas.

Também nesta quinta, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que deseja negociar diretamente com Putin, sob o argumento de que essa é “a única maneira de parar a guerra”.

Em entrevista coletiva, Zelensky se disse “aberto” e “disposto a abordar todos os problemas” com o mandatário russo.

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