Justiça
Imprensa internacional reage à rebelião em presídio do Pará
A rebelião deixou pelo menos 52 mortos no presídio de Altamira, no estado do Pará
A rebelião desta segunda-feira (29) que deixou pelo menos 52 mortos no presídio de Altamira, no estado do Pará, repercutiu na imprensa internacional. A AFP chamou o episódio de “novo banho de sangue” para a história das penitenciárias brasileiras.
De acordo com a agência de notícias francesa AFP, esse novo “massacre mancha o sistema penitenciário dessa região estratégica, onde facções criminais rivais disputam o tráfico de cocaína”.
Já o jornal francês Le Point descreve um “terrível primeiro balanço” da rebelião, enquanto o Figaro abordou o histórico da penitenciária de Altamira, lembrando sete mortes ocorridas em setembro. Le Monde, ressaltando a superpopulação dessas instituições, afirmou que, “nos dias 1° e 2 de janeiro de 2017, cinquenta e dois detentos foram massacrados em uma prisão de Manaus”.
“A maioria das prisões do Brasil são administradas pelo Estado. Estão superlotadas e as condições de vida são lamentáveis”, escreve o jornal espanhol El País. “Normalmente, os membros de distintas facções criminais (como o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital, de São Paulo) estão separados para evitar confrontos.”
Fim da violência: da campanha à realidade
O jornal americano The New York Times destacou que “o rarefeito número de guardas tem dificuldade em deter o poder contra uma população de detentos capazes de administrar atividades criminais atrás das grades”.
Para o The Washignton Post, a violência “ilustra a crescente insegurança nas complexas e superlotadas prisões brasileiras”. O jornal também citou o presidente Jair Bolsonaro, “eleito no ano passado com promessas de acabar com a violência e que descreveu planos de ‘encher as celas de criminosos’”.
As promessas de Bolsonaro também foram lembradas pela rede britânica BBC: “O presidente brasileiro de extrema direita fez votos de ter mais controle das penitenciárias e de construir mais pelo país. Mas [instalar novas prisões] não deve ser fácil já que a maior parte delas são estatais”.
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