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Igreja Católica do Equador classifica legalização da eutanásia como ‘diabólica’
Na semana passada, o Equador se tornou o segundo país latino-americano a aprovar a eutanásia


A Igreja Católica do Equador rejeitou, nesta quarta-feira 14, a decisão da Corte Constitucional, que deu luz verde à eutanásia, considerando o quadro legal para sua aplicação como “diabólico”.
“É diabólico querer defender a vida dando a um homicídio um quadro de legalidade”, afirmou a Conferência Episcopal Equatoriana (CEE) em um comunicado.
A CEE acrescentou que “a vida humana é sagrada e inviolável” e que “a eutanásia não é sinônimo de uma morte sem dor ou sofrimento”, ao relatar supostos sofrimentos de pacientes aos quais a medida é aplicada.
“Eles não são pacientes que morrem aliviados emocional, psicológica, física ou espiritualmente”, apontou.
Na semana passada, o Equador se tornou o segundo país latino-americano a aprovar a eutanásia, após a Colômbia, para pessoas que sofrem de doenças graves e incuráveis ou lesões irreversíveis.
A decisão foi tomada após um pedido de Paola Roldán, uma mulher de 43 anos que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA) há três anos, uma doença degenerativa e dolorosa.
Roldán entrou com uma ação em agosto contra o artigo 144 do código penal equatoriano, que pune o homicídio com prisão de 10 a 13 anos.
A Corte estabeleceu após sua análise que a punição por homicídio “não pode ser aplicada ao médico que realiza um procedimento de eutanásia ativa em prol da preservação dos direitos de uma vida digna e do livre desenvolvimento da personalidade do paciente”.
No entanto, a Conferência Episcopal considerou que a sentença é “vaga” por não precisar o que é considerado, por exemplo, uma doença incurável.
Além disso, a Igreja criticou a decisão “que permite a um médico se aproximar de um doente com a intenção de lhe dar a morte, pervertendo a essência mesma de sua profissão que é defender a vida”.
O papa Francisco sempre se mostrou contrário à eutanásia, ao denunciar que há uma “perspectiva falsamente digna de uma morte doce”.
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