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Homem se imola em frente ao tribunal dos EUA onde Trump é julgado

O magnata é acusado de tentar ocultar pagamentos a uma ex-atriz pornô para comprar seu silêncio na reta final da campanha eleitoral de 2016

Foto: Angela Weiss/AFP
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Um homem ateou fogo ao próprio corpo, nesta sexta-feira 19, do lado de fora do tribunal de Nova York onde o ex-presidente Donald Trump é julgado, enquanto era concluída a seleção do júri que decidirá o destino do magnata neste julgamento histórico.

Não estava claro de imediato se o incidente teria alguma relação com o julgamento de Trump, embora tenha ocorrido na rua em frente ao edifício onde o empresário estava sentado no banco dos réus, no 15º andar.

A seleção dos 12 titulares e seis suplentes que julgarão o magnata havia acabado de terminar quando a TV local começou a transmitir ao vivo imagens de fumaça saindo do que reportava ser uma pessoa em chamas.

As imagens mostraram um policial correndo com um extintor de incêndio e o repórter da CNN disse que havia forte cheiro de combustível e carne queimada.

“Um homem ateou fogo em si mesmo do lado de fora da Suprema Corte. Ainda estamos reunindo detalhes no local”, disse um porta-voz do Departamento de Polícia de Nova York.

Ao que tudo indica, o incêndio teria ocorrido em um estacionamento em frente ao tribunal, diante do qual as autoridades montaram grades para organizar os manifestantes pró e anti-Trump, e também alguns veículos de imprensa.

Julgamento histórico

O juiz Juan Merchan disse que, uma vez concluída a seleção do júri, os argumentos de abertura do julgamento poderiam começar na segunda-feira 22.

Trump é acusado de tentar ocultar pagamentos a uma ex-atriz pornô para comprar seu silêncio na reta final da campanha eleitoral de 2016, na qual saiu vitorioso.

O republicano, o primeiro ex-presidente a se sentar no banco dos réus para um julgamento na Justiça Penal, se declarou inocente das acusações.

Ao chegar ao tribunal nesta sexta, Trump fez uma declaração irada sobre a ordem que o impede de atacar testemunhas, promotores e familiares dos membros do tribunal, que classificou de “muito injusta”.

“O juiz tem de retirar esta ordem de mordaça”, disse Trump, que tem um longo histórico, inclusive quando era presidente, de fazer declarações ameaçadoras ou ofensivas contra adversários públicos e particulares.

Em sua plataforma Truth Social, voltou a reivindicar em uma série de publicações a imunidade presidencial.

Os membros do júri, que começaram a ser selecionados na segunda-feira, foram submetidos a um questionário sobre profissão, local de trabalho, jornais que leem e redes sociais que utilizam, que tanto a defesa quanto a promotoria analisaram com lupa para determinar suas inclinações políticas.

Para proteger o anonimato dos nova-iorquinos selecionados por sorteio para servirem como jurados, Merchan pediu aos jornalistas que não fizessem descrições físicas dos membros do júri nem divulgassem onde eles trabalham.

Ocupado com o julgamento em plena campanha, Trump se diz vítima de uma “caça às bruxas” orquestrada pelos democratas para o impedir de voltar à Presidência dos Estados Unidos.

Nas últimas pesquisas, o magnata está empatado com o presidente democrata Joe Biden para o pleito de 5 de novembro.

Espera-se que o julgamento na Suprema Corte de Manhattan dure cerca de seis semanas, durante as quais vão desfilar testemunhas como o ex-advogado e ex-braço direito de Trump Michael Cohen, que pagou de seu bolso os 130.000 dólares (630.000 reais, na cotação atual) à ex-atriz Stormy Daniels.

Segundo a acusação, Donald Trump devolveu a quantia mascarando-a como gastos legais de sua empresa.

Prisão ou multa?

O magnata republicano enfrenta outros três processos na Justiça Penal, entre eles por acusações muito mais graves de tentativa de anular sua derrota eleitoral de 2020 para Biden, mas que foram adiados repetidamente. É pouco provável que tenham seus julgamentos realizados antes das eleições.

Se for declarado culpado, poderia ser enviado para a prisão, mas o mais provável é que seja apenas multado. O veredicto do júri tem de ser unânime.

O bilionário de 77 anos voltou a lamentar, na quinta-feira, o fato de ter de estar “em um julgamento muito injusto” em vez de fazer campanha.

“O mundo inteiro está vendo esta farsa”, disse, utilizando o caso mais uma vez para lançar seus ataques com fins eleitoreiros contra Biden, a imigração e o sistema judicial.

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