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Hamas diz não haver ‘grandes problemas’ em nova proposta de trégua em Gaza

A delegação do movimento se manifestará em uma reunião com autoridades da inteligência egípcia

Garota palestina transporta água na Cidade de Gaza, em 31 de março de 2024, em meio à destruição causada pelos ataques israelenses. Foto: AFP
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Um dirigente do Hamas afirmou, neste domingo 28, que o grupo islamista palestino não vê “grandes problemas” na mais recente proposta de Israel e Egito para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, após quase sete meses de guerra.

Uma delegação do movimento islamista viajará ao Egito na segunda-feira 29 para entregar a resposta do grupo à contraproposta de Israel, informou o alto dirigente, que falou sob a condição do anonimato.

“O clima é positivo, a menos que haja novos obstáculos israelenses. Não há grandes problemas nas observações e perguntas apresentadas pelo Hamas em relação ao conteúdo”, afirmou.

O governo israelense enfrenta pressões crescentes, internas e no exterior, para estabelecer um acordo que permita acabar com os bombardeios incessantes em Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará novamente para Israel e Jordânia, anunciou a administração dos Estados Unidos, enquanto se intensificam os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo em Gaza.

Durante um telefonema neste domingo, o presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, “revisaram as negociações em curso para assegurar a libertação dos reféns juntamente com um cessar-fogo imediato em Gaza”, destacou a Casa Branca.

Catar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores e tentam obter um novo cessar-fogo para o território estreito e devastado, onde quase toda a população está próxima de um cenário de fome, segundo a ONU.

O portal de notícias americano Axios informou, com base em dois funcionários de alto escalão do governo israelense, que a proposta mais recente do país inclui a vontade de debater o “restabelecimento de uma calma sustentável” em Gaza após a libertação de reféns.

Esta é a primeira vez em quase sete meses de guerra que as autoridades israelenses sugerem que estão abertas a discutir o fim da guerra, segundo o Axios.

Uma fonte do Hamas, que acompanha as negociações, declarou à agência AFP que o grupo estava “aberto a discutir a nova proposta de maneira positiva”.

A fonte acrescentou que o grupo deseja “alcançar um acordo que garanta um cessar-fogo permanente, o retorno dos deslocados, um acordo aceitável para a troca [de prisioneiros] e o fim do cerco” em Gaza.

Um ‘fracasso total’

Os países que desejam o anúncio de um acordo participaram neste domingo de uma reunião do Fórum Econômico Mundial na Arábia Saudita, onde o ministro das Relações Exteriores do país-sede, o príncipe Faisal bin Farhan, afirmou que a comunidade internacional falhou por não conseguir uma solução para Gaza.

“A situação em Gaza é obviamente uma catástrofe em todos os sentidos: humanitária, mas também um fracasso total do sistema político existente para enfrentar esta crise”, disse. “Apenas um caminho confiável e irreversível na direção de um Estado palestino evitará que o mundo enfrente esta mesma situação dentro de dois, três ou quatro anos.”

O governo de Netanyahu rejeita os apelos para a criação de um Estado palestino.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, a organização que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, fez um apelo ao governo dos Estados Unidos para impedir Israel de invadir Rafah, no sul de Gaza.

Quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocadas pela guerra, estão aglomeradas na cidade de fronteira com o Egito, onde uma operação militar israelense seria “o maior desastre na história do povo palestino”, afirmou Abbas.

Israel afirma que quatro batalhões do Hamas funcionam na cidade e que a guerra não acabará até que o país consiga extirpar o movimento islamista, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Bombardeios ao longo do território

A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos do Hamas invadiram o sul de Israel e assassinaram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Também sequestraram quase 250 pessoas.

A ofensiva de represália de Israel deixou mais de 34.450 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.

As autoridades israelenses calculam que 129 reféns permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que morreram durante a guerra. A trégua de novembro permitiu a troca de 80 reféns por 240 prisioneiros palestinos.

O grupo islamista divulgou no sábado um vídeo em que dois reféns pedem ao governo israelense para negociar um acordo que permita sua libertação.

“A situação é desagradável, difícil e há muitas bombas”, afirma na gravação Omri Miran, de 47 anos.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 66 pessoas morreram nos bombardeios israelenses contra o território nas últimas 24 horas.

Os ataques atingiram as cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul, e a Cidade de Gaza, no norte.

No centro de Gaza, Mohammed al Hattab encontrou o filho de apenas um ano entre os escombros, após um bombardeio israelense contra o campo de refugiados de Nuseirat.

A Casa Branca anunciou neste domingo que uma doca construída pelos Estados Unidos entrará em operação em algumas semanas para aumentar o envio de ajuda para Gaza.

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