Mundo
Gritos por socorro
Força-tarefa de Chicago, nos EUA, tenta salvar vidas em meio à epidemia de overdoses por fentanil
Houve um tempo em que Gail Richardson achava difícil passar pelo traficante de heroína que ficava numa esquina movimentada do West Side de Chicago sem comprar uma dose. Ela passou metade da vida se drogando, traficando cocaína e heroína para sustentar o vício e depois cumprindo uma longa pena numa prisão federal. Agora, a mulher de 67 anos voltou às mesmas ruas, onde às vezes cumprimenta rostos conhecidos dos velhos tempos, ainda sob o peso do vício. Mas agora Richardson está “limpa” e se dedica a salvar vidas, enquanto as mortes por opiáceos aumentam nas comunidades negras que, segundo se pensava, haviam escapado da mais grave epidemia de drogas da história dos EUA.
“A droga mudou. Naquela época, a heroína não fazia você se dar tapas na cabeça. Naquela época, não tinha o fentanil tentando matá-la”, diz ela. Richardson e o traficante, um homem de 30 anos e barba rala, trocam olhares. Ele caminha sob o elevado do trem próximo à estação Pulaski, enquanto Richardson aborda seus clientes. Ambos sabem o que o outro faz ali. O traficante vende drogas que transformaram o West Side no que o governador de Illinois, J.B. Pritzker, descreveu como o epicentro da crise dos opiáceos no estado. Richardson tenta manter os clientes vivos, distribuindo um medicamento, a naloxona, que em poucos segundos pode reanimar pessoas que tiveram overdose e estão à beira da morte.
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