Governo do Peru diz que eleição na Nicarágua merece rechaço da comunidade internacional

O Presidente Pedro Castillo adota uma posição oposta à do próprio partido e à dos líderes Nicolás Maduro e Miguel Díaz-Canel

O presidente do Peru, Pedro Castillo. Foto: Sebastian Castaneda/X07403/ AFP

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O governo do presidente Pedro Castillo, do Peru, declarou que a eleição na Nicarágua “merece o rechaço da comunidade internacional”, em comunicado divulgado nesta segunda-feira 8.

 

 

 

Segundo o texto, as votações ocorridas em 7 de novembro, que conduziram o mandatário Daniel Ortega ao 4º mandato, “não cumprem os critérios mínimos de eleições livres, justas e transparentes” estabelecidos pela Carta Democrática Interamericana.

Sem citar fatos concretos, o governo peruano disse que “acontecimentos prévios” às eleições prejudicam a credibilidade, a democracia e o Estado de Direito na Nicarágua.


A nota afirma ainda que o Peru apoia as resoluções da Organização dos Estados Americanos, a OEA, instituição que já foi acusada de colaborar com o golpe na Bolívia em 2019, “para evitar essa grave situação, assim como todos os esforços coletivos dirigidos a favorecer o restabelecimento do diálogo e do entendimento entre os nicaraguenses, a liberação dos candidatos e presos políticos e a implementação das reformas eleitorais acordadas”.

O governo peruano declarou, por fim, que “seguirá trabalhando no Conselho Permanente da OEA, o qual integram a Nicarágua e os países do continente, com a finalidade de preservar o direito do povo nicaraguense de celebrar eleições livres, justas e transparentes, em consonância com a Carta Democrática Interamericana, e de contribuir a uma solução pacífica e sustentável à crise política no país”.

 

O comunicado chama atenção porque Castillo é membro do partido Perú Libre, e a posição do governo sobre a Nicarágua é oposta à defendida pelo presidente da legenda, Vladimir Cerrón.

No Twitter, Cerrón compartilhou uma postagem do jornalista argentino Atila Boron, que chama a imprensa internacional de “canalha” por reportar que “as pessoas não foram votar na Nicarágua”.

No entanto, segundo a organização Urnas Abiertas, que se declara como defensora dos direitos humanos, a abstenção no pleito de domingo atingiu 81,5% dos eleitores.

A posição representa mais um sinal de distância entre Castillo e o seu partido. Nas últimas semanas, a legenda acusou o presidente peruano de agir com um “giro à direita” no país.

Castillo também marca posição distinta à adotada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que parabenizou Daniel Ortega pela reeleição e chamou a vitória de “histórica”.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, também celebrou o resultado da eleição e disse que o processo foi “uma demonstração de soberania e civilidade diante de cruel campanha midiática”.


 

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