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Governo da Colômbia e Exército de Libertação Nacional concordam em reiniciar diálogo

O governo da Colômbia reconheceu, nesta sexta-feira 12, a legitimidade da comissão de negociação do ELN para retomar as conversas de paz em Cuba

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Foto: Daniel Munoz/AFP
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O governo da Colômbia reconheceu, nesta sexta-feira 12, a “legitimidade” da comissão de negociação do Exército de Libertação Nacional (ELN) para retomar as conversas de paz em Cuba e anunciou que ambas as partes concordam na necessidade de reiniciar o diálogo, interrompido há quatro anos.

“Ambas as partes coincidem na necessidade de reiniciar um processo de diálogo com atos que demonstrem à sociedade colombiana e ao mundo que esta vontade é real”, declarou o alto comissário para a Paz, Danilo Rueda, ao ler uma declaração em Havana.

Diante da delegação do ELN, chefiada por Pablo Beltrán, líder guerrilheiro dos diálogos durante as negociações interrompidas em 2018, Rueda reconheceu oficialmente “a legitimidade da delegação de diálogo do ELN na busca pela paz”.

A delegação do governo colombiano, acompanhada pelo chanceler Álvaro Leyva, se reuniu nesta sexta-feira com integrantes desta guerrilha radicados em Havana desde 2018.

O encontro aconteceu dias depois da chegada ao poder de Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, que propõe novos acordos de paz com o ELN e outras organizações armadas, bem como o fim da “guerra contra as drogas”, que o chefe de Estado considera um fracasso.

A comitiva do governo “constatou que o ELN compartilha da vontade do governo colombiano”. Também afirmou escutar os setores da sociedade que clamam por uma solução baseada no diálogo para o conflito armado.

Rueda afirmou que o governo adotará “todas as medidas legais e políticas” para garantir as condições que permitam um retorno à mesa de negociações.

Libertação de pessoas

Por sua vez, Petro explicou em entrevista coletiva em Bogotá que a aproximação com o ELN em Havana é “um processo estudado, de olhar para o que restava há 4 anos, de ver o que pode ser resgatado, processos que já existiam para negociações, de tréguas, coisas do tipo que devem ser vistas quatro anos depois, se forem possíveis, se podem ser resgatadas”.

Estiveram presentes na reunião os garantes das conversas, Noruega e Cuba, bem como representantes do secretário-Geral da ONU e da Conferência Episcopal Colombiana.

Anteriormente, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, havia se reunido com as duas partes para ratificar “o compromisso invariável de Cuba e a vontade inabalável de continuar contribuindo para a conquista da tão esperada paz para a Colômbia”, segundo o próprio mandatário em seu conta do Twitter.

Após o anúncio da delegação em Havana, o governo colombiano informou a libertação de nove pessoas que estavam nas mãos do ELN desde 13 de julho no departamento de Arauca, que faz fronteira com a Venezuela.

O grupo detido era de 11 pessoas, mas duas morreram em cativeiro, entre elas um ex-combatente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que havia aceitado o acordo de paz, informou a Defensoria do Estado, que zela pelos direitos humanos.

O ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos, que negociou a paz em Havana com as Farc, também iniciou em 2017 diálogos com o ELN.

No entanto, seu sucessor, Iván Duque, enterrou as conversas em 2018 após um atentado contra uma academia da Polícia que deixou 22 mortos.

Embora o acordo de paz que desarmou as Farc em 2017 tenha resultado em um alívio da violência, a Colômbia é assolada por um novo surto de derramamento de sangue causado por grupos armados que disputam o controle do tráfico de drogas e o garimpo ilegal no país.

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