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França tem primeira noite de calma relativa, após quase uma semana de violentos protestos

Ao todo, foram registradas 72 detenções, 24 prédios foram queimados ou degradados e 159 veículos foram incendiados

Foto: Valery HACHE / AFP
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Após seis dias de protestos violentos pela morte de um jovem durante um controle policial, a França teve uma primeira noite de relativa calma, confirmando a diminuição da violência em todo o país, com 72 detenções em todo o território, conforme o balanço divulgado nesta terça-feira (4). Durante a madrugada, o presidente francês, Emmanuel Macron, visitou um quartel da polícia para manifestar apoio aos agentes. Hoje ele recebe os prefeitos de municípios atingidos pela violência nos últimos dias.

Acompanhado do ministro do Interior, Gérald Darmanin, o presidente Emmanuel Macron esteve no quartel da polícia de Bessières, no 17.º distrito de Paris, para dar apoio à tropa. O Chefe de Estado agradeceu à polícia, gendarmes e bombeiros por sua “mobilização excecional nas últimas noites”.

Durante o encontro com os agentes, Macron teria afirmado, de acordo com o jornal francês Le Parisien, que era necessário sancionar financeiramente as famílias de menores infratores.

Nesta terça-feira, Macron recebe os prefeitos de cerca de 220 municípios que sofreram danos significativos após uma semana de protestos violentos. Ao todo, 72 pessoas foram detidas na última noite, 24 em Paris e seus subúrbios, um número menor do que as várias centenas no auge dos tumultos.

Mesmo assim, 24 prédios foram queimados ou degradados em toda a França, segundo as autoridades, que também identificaram 159 veículos queimados e dezenas de incêndios em lixeiras.

O efetivo de 45.000 policiais foi mantido pela terceira noite consecutiva, para tentar conter os tumultos. Apesar do reforço, quatro ataques a instalações da polícia foram registrados, de acordo com o Ministério do Interior, mas nenhum agente ficou ferido.

Ao se encontrar com os prefeitos, o Presidente Macron quer “iniciar um trabalho meticuloso e de longo prazo para compreender em profundidade as razões que levaram a estes eventos”, de acordo com sua equipe.

“Ódio” à polícia

O sociólogo francês Olivier Galland, pesquisador do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica), explica que assim como aconteceu em 2005 na França, os manifestantes demonstram um “ódio” à polícia com uma violência agora “banalizada” e o sentimento reforçado de rejeição, em particular dos jovens de origem estrangeira e muçulmanos.

A violência eclodiu no país em 27 de junho, após a morte de Nahel, de 17 anos cuja família é da Argélia, norte da África. Ele foi baleado à queima-roupa por um policial em Nanterre, nos arredores de Paris.

Desde sexta-feira, pelo menos 3.915 pessoas (incluindo 1.244 menores) foram detidas para averiguações, segundo dados do ministério da Justiça.

Nos quatro cantos da França, comerciantes começaram a fazer um balanço dessas noites de tumultos, cujos prejuízos foram estimados, na segunda-feira, em 1 bilhão de euros pelo Medef, a principal organização patronal do país.

O policial e autor do tiro que matou Nahel foi autuado por homicídio doloso. Ele segue em prisão preventiva. O terceiro ocupante do carro dirigido pelo jovem se apresentou à polícia e foi ouvido no âmbito da investigação.

Perdão de dívidas

O governo francês anunciou nesta terça-feira que está aberto a “cancelamentos” de contribuições sociais e fiscais “caso a caso” para empresas vandalizadas durante os motins que se seguiram à morte do jovem Nahel.

O anúncio foi feito pelo ministro da Economia, Bruno Le Maire. “Quando o seu negócio foi totalmente incendiado, é o trabalho de uma vida que fica reduzido a cinzas. O Estado tem de estar do seu lado e pode haver anulações de encargos sociais ou fiscais para os comerciantes mais afetados”, disse Le Maire.

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