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França propõe reunião Putin-Biden para conter crise ucraniana; Kremlin considera prematuro

O anúncio francês surpreendeu e contrasta com o temor de uma invasão russa da Ucrânia

Vladimir Putin e Joe Biden. Fotos: Angela WEISS e Alexey DRUZHININ/AFP
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A França afirmou que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e Estados Unidos, Joe Biden, aceitaram “a princípio” participar em uma reunião de cúpula proposta para evitar uma invasão russa da Ucrânia, mas o Kremlin destacou que é “prematuro” falar de um encontro entre os dois chefes de Estado.

A iniciativa de Paris é um um novo esforço diplomático para conter a crise.

A reunião proposta pelo presidente francês, Emmanuel Macron, será seguida de encontro com “todas as partes envolvidas” nesta crise em que será abordada “a segurança e a estabilidade estratégica na Europa”, afirmou o Palácio do Eliseu.

Paris destacou, no entanto, que o diálogo “não poderá acontecer se a Rússia invadir a Ucrânia”.

A Casa Branca confirmou a disposição de Biden de participar em uma reunião com Putin.

O governo dos Estados Unidos está “comprometido com a diplomacia até o momento em que começar a invasão”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, em um comunicado. “O presidente Biden concordou em princípio com uma reunião com o presidente Putin… se não acontecer uma invasão”, acrescentou.

“Também estamos preparados para aplicar sanções rápidas e severas se a Rússia optar pela guerra. E, atualmente, a Rússia parece continuar os preparativos para um ataque em grande escala muito em breve na Ucrânia”, afirmou Psaki.

Mas o governo russo foi bem mais cauteloso ao comentar a possível reunião entre Putin e Biden.

“Há um entendimento sobre o fato de ter que continuar o diálogo entre ministros (das Relações Exteriores). Falar sobre planos concretos para organizar reuniões de cúpulas é prematuro”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

“Uma reunião é possível caso os chefes de Estado a considerem útil”, acrescentou, antes de afirmar que Biden e Putin sempre têm a possibilidade de conversar “por telefone ou de outra maneira quando necessário”.

A proposta de reunião foi anunciada após um fim de semana de gestão diplomática de Macron, que conversou duas vezes por telefone com Putin, além de ter dialogado com Biden e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

O anúncio francês aconteceu no momento em que Rússia e Ucrânia trocam acusações de responsabilidade por novos combates na região leste separatista ucraniana.

A agenda da possível reunião deve ser preparada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, segundo a presidência francesa.

O anúncio francês surpreendeu e contrasta com o temor de uma invasão russa da Ucrânia. Blinken insistiu no domingo que a Rússia está “a ponto” de invadir o país vizinho.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, celebrou o anúncio do encontro e afirmou que espera um acordo sobre uma retirada das tropas russas da fronteira.

“Pensamos que vale a pena tentar qualquer esforço que vista uma solução diplomática (…). Esperamos que os dois presidentes saiam com um acordo sobre a retirada das tropas russas”, declarou Kuleba.

“Há uma realidade no local, um tensão com uma presença militar russa que continua sendo extremamente forte (..) e ao mesmo tempo uma esperança diplomática”, destacou o secretário francês de Assuntos Europeus, Clément Beaune.

“Devemos permanecer extremamente prudentes, mas se ainda existe uma oportunidade de evitar a guerra… temos que aproveitar”, acrescentou.

Imagens de satélite

Imagens de satélite da empresa americana Maxar mostram supostos novos deslocamentos de tropas e equipamentos militares russos perto da fronteira com a Ucrânia.

As imagens mostram “múltiplos novos deslocamentos de campo de equipamentos blindados e tropas”, que saem de instalações militares existentes nos bosques e campos situados a entre 15 e 30 quilômetros da fronteira da Rússia com a Ucrânia, informa uma mensagem da empresa.

Os países ocidentais temem que a intensificação dos combates nos últimos dias da Ucrânia com separatistas pró-Rússia seja utilizada como pretexto por Moscou, que enviou 150.000 soldados para a fronteira ucraniana, para invadir o país vizinho.

Putin atribuiu a intensificação do conflito às “provocações ucranianas”. Os separatistas ordenaram a saída dos civis e a mobilização de seus homens de combate.

A ordem de evacuação motivou o deslocamento de 53.000 civis, dos três milhões que vivem na zona separatista.

O presidente ucraniano Zelensky denunciou os “tiros provocadores” dos separatistas apoiados por Moscou e pediu a retomada das negociações com a Rússia, sob a mediação da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), e a instauração de um “cessar-fogo imediato”.

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