Mundo

França: partido de Marine Le Pen escolhe ultradireitista de 27 anos como novo presidente

Jordan Bardella é conhecido por defender teses ultranacionalistas, como a da “Grande Substituição”, uma teoria racista criada em 2010 pelo escritor francês de extrema-direita Renaud Camus

Foto: Alain JOCARD / AFP
Apoie Siga-nos no

O partido francês de extrema-direita Reunião Nacional elegeu, neste sábado (5), seu novo presidente. Jordan Bardella, de 27 anos, substituirá Marine Le Pen, ex-candidata à presidência do país, que ficou onze anos no cargo. Ele obteve 85% dos votos no partido e derrotou o prefeito de Perpignan (sul), Louis Alliot, que obteve apenas 15% das preferências.

O jovem eurodeputado é o primeiro líder do partido que não terá o sobrenome do clã Le Pen. Jean Marie Le Pen fundou a Frente Nacional em 1972 e dirigiu a legenda por quase 40 anos. Marine Le Pen assumiu o cargo em 2011. Marion Maréchal, 32 anos, sobrinha da líder e herdeira politica da família, deixou a RN para apoiar o candidato à presidência da ultradireita Eric Zemmour, do partido Reconquista, que obteve 7% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial em abril.

O novo presidente da RN não pretende ofuscar Marine Le Pen, que continuará a ser a principal figura do partido, segundo suas próprias palavras. “Sou um candidato de continuidade, com o objetivo de proteger seu legado incrível”, afirmou antes da eleição.

Mas, apesar de ter negado qualquer aliança com Zemmour, Jordan Bardella é conhecido por defender teses ultranacionalistas, como a da “Grande Substituição”. A teoria racista, criada em 2010 pelo escritor francês de extrema-direita Renaud Camus, defende que a população europeia estaria sendo aos poucos substituída por povos não europeus, por “culpa” da imigração.

Força na Assembleia

O líder da RN é considerado um “protegido” de Marine Le Pen, candidata que tornou o partido de extrema-direita um dos principais atores da política francesa. Em sua terceira candidatura à presidência francesa, ela obteve no segundo turno do pleito, em abril, 41,5% dos votos, contra 58,55% para o atual chefe de Estado reeleito, Emmanuel Macron.

Além da excelente marca na presidencial, na eleição legislativa, em junho, a Reunião Nacional obteve 89 cadeiras na Assembleia Nacional, tornando-se, assim, o maior partido de oposição na Assembleia Nacional.

O desempenho inédito nas urnas mostra o sucesso da estratégia de comunicação do partido, que buscou vender uma imagem menos agressiva e mais aberta de Marine Le Pen nas redes sociais – ela inclusive posou para fotos ao lado de eleitoras muçulmanas, embora defenda abertamente a proibição do véu no espaço público.

Neste sábado (5), a líder de extrema-direita disse que pretende dar continuidade ao seu “combate político”, e não exclui uma quarta candidatura à presidência, em 2027. “Ainda temos muito a fazer. Estou mais mobilizada do que nunca”, declarou.

Deputado é suspenso por declaração racista

A eleição do novo presidente da RN ocorre em um momento particularmente tenso para o partido. A Assembleia Nacional francesa anunciou nesta sexta-feira (4) a suspensão, por 15 dias, do deputado do partido Grégoire de Fournas. Ele admitiu, na quinta-feira (3), ter usado a frase “Que volte para a África” ​​durante uma intervenção do deputado negro do partido A França Insubmissa (LFI) Carlos Martens Bilongo, que falava sobre o drama da imigração ilegal durante uma sessão de perguntas ao governo.

A oposição pede que ele seja definitivamente expulso após a ocorrência, que suscitou uma grande revolta da classe política francesa.

(RFI e AFP)

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo