Mundo
Financial Times diz que Bolsonaro é ‘incapaz’ e terá eleição difícil
Em editorial, o jornal britânico afirma que as ‘falhas’ do presidente brasileiro ‘vão muito além da pandemia’


O jornal britânico Financial Times publicou, nesta segunda-feira 1, editorial em que critica de forma veemente o presidente Jair Bolsonaro.
No texto, o jornal afirma que o presidente se mostrou incapaz de gerir as crises econômica e social que atingem o País. Além disso, aponta que Bolsonaro cometeu prevaricação na compra de vacinas e que terá uma “luta difícil” pela reeleição, diante de uma recuperação inconstante da economia.
“Ao entrar no último ano de seu mandato, Bolsonaro se mostrou incapaz de administrar a economia ou a pandemia, e a maior nação da América Latina está pagando um preço alto”, afirma o jornal.
O editorial ainda afirma ser “fácil” culpar o presidente pelas mais de 600 mil mortes no País em decorrência da péssima gestão da pandemia da covid-19.
“Suas tentativas de minimizar a pandemia como uma gripezinha, sua prevaricação sobre as vacinas, sua veemente oposição às restrições sanitárias e sua promoção obstinada de remédios duvidosos forneceram ampla evidência para os críticos”, destaca o jornal.
A publicação ainda discorre sobre os efeitos da CPI da Covid no Senado. “Poucos presidentes em exercício enfrentam tantos problemas jurídicos quanto o líder de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro”, afirma o jornal no começo do editorial.
“O Supremo Tribunal Federal está investigando alegações de que ele e seus filhos políticos espalharam notícias falsas deliberadamente. Ativistas ambientais querem que o Tribunal Penal Internacional o investigue por crimes contra a humanidade por seu suposto papel na destruição da floresta amazônica”, acrescenta.
O jornal ainda analisa que são pequenas as chances do presidente ser responsabilizado pelos fatos apurados no relatório final da CPI, devido ao alinhamento de Bolsonaro com o procurador-geral da República, Augusto Aras e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
O jornal britânico ainda afirma que Bolsonaro depende do sucesso de seu plano econômico para pleitear caminho ao segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
“A ameaça mais potente às esperanças de reeleição de Bolsonaro pode muito bem ser econômica, em vez de legal”, avalia o editorial.
“A rápida recuperação econômica do Brasil da pandemia está vacilando; alguns analistas estão prevendo que o crescimento ficará negativo no próximo ano. O mercado de ações está tendo sua pior desempenho desde 2014, o real enfraqueceu e o prêmio de risco do País subiu.”
O Financial Times também considera que o Auxílio Brasil é um recurso eleitoreiro usado pelo presidente, o que considera como uma “farra de gastos pré-eleitorais”.
“A indisciplina fiscal do governo e o espectro da inflação de dois dígitos já levaram o Banco Central independente a aumentar as taxas de juros”, afirma o texto.
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