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EUA: Gestações resultantes de estupro têm forte alta no Texas desde que aborto foi proibido
O estado norte-americano do Texas contabiliza nada menos do que 26.313 gestações causadas por estupro desde que o aborto foi proibido, há pouco mais de um ano


Desde a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que acabou com a autorização da interrupção voluntária da gestação e a sentença Roe vs Wade [jurisprudência a favor do aborto em casos especiais, que inspirava outras decisões da justiça nos EUA], 14 estados norte-americanos proibiram todos os abortos e nove deles não permitem nenhuma exceção, mesmo em casos de incesto ou estupro.
No entanto, todos os anos nos Estados Unidos, cerca de 100 mil estupros são relatados à polícia e, de acordo com uma estimativa do Departamento de Justiça dos EUA, 79% deles não resultam em uma investigação.
Meio milhão de estupros desde junho de 2022
O estudo, publicado no Journal of the American Medical Association e conduzido pela Universidade de Cambridge, UCLA San Francisco, Hunter College e Planned Parenthood, indica que ocorreram cerca de 520 mil estupros desde junho de 2022, resultando em mais de 64 mil gestações em estados dos EUA que proíbem o aborto.
O jornal ressalta que nos cinco estados onde exceções são autorizadas, apenas dez abortos foram autorizados pelas autoridades a cada mês, enquanto estima-se que os crimes sexuais tenham resultado em mais de 5,5 mil gestações.
Texas no topo da lista
No topo da lista está o Texas, onde ocorreram 40% das gestações resultantes de estupro, muito à frente de Missouri, Tennessee e outros estados do sul, como Arkansas, Oklahoma, Louisiana e Alabama.
Ao mesmo tempo, no ano passado houve um aumento no número de nascimentos no Texas, apesar de os nascimentos terem queda há oito anos e a taxa de fertilidade estar baixa desde 2007. Além disso, pela primeira vez em 15 anos, o número de meninas entre 15 e 18 anos que deram à luz aumentou.
O estudo realizado pela Universidade de Houston aponta que esse aumento é particularmente significativo nas comunidades hispânicas. De acordo com os autores, isso se deve às restrições ao direito ao aborto no estado.
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