Mundo
EUA divulgam arquivos sobre o assassinato de Martin Luther King Jr.
Filhos temem que os documentos possam ser usados para atacar o legado de seu pai


O governo dos Estados Unidos divulgou nesta segunda-feira 21 “mais de 230 mil páginas” de arquivos classificados sobre o assassinato de Martin Luther King Jr., apesar das preocupações da família do líder dos direitos civis.
Em 23 de janeiro, Trump ordenou por decreto a divulgação de arquivos do governo sobre os assassinatos do ex-presidente John F. Kennedy e de seu irmão Robert F. Kennedy (revelados em março), além do de Martin Luther King Jr., morto em 1968.
As 230 mil páginas se concentram, entre outras coisas, na investigação da polícia federal (FBI) sobre a busca internacional pelo suposto assassino de King e no depoimento de um dos seus companheiros de cela, segundo comunicado da diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard.
“O povo americano esperou quase 60 anos para ver o alcance completo da investigação do governo federal sobre o assassinato” de King, destacou Tulsi. Os Estados Unidos garantem que vão oferecer “total transparência em relação a esse evento crucial e trágico”, acrescentou.
King foi assassinado em abril de 1968, em Memphis, Tennessee. James Earl Ray foi condenado pelo crime e morreu na prisão, em 1998, mas os filhos de King expressaram dúvidas sobre a autoria do assassinato.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, os dois filhos vivos do líder dos direitos civis – Martin Luther King III e Bernice King – afirmam que “apoiam a transparência e responsabilidade histórica”, mas temem que os documentos possam ser usados para atacar o legado de seu pai.
King foi alvo de uma “campanha de desinformação e vigilância” orquestrada pelo então diretor do FBI, J. Edgar Hoover, lembraram os filhos. A campanha da polícia federal tinha como objetivo “desacreditar, desmantelar e destruir a reputação de King e o movimento mais amplo de direitos civis nos Estados Unidos (…) Pedimos àqueles que se envolverem na divulgação desses arquivos que o façam com empatia, moderação e respeito”, acrescentaram.
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