O presidente Lula (PT) tornou, nesta sexta-feira 22, a tratar da dificuldade para a finalização do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Durante a Cúpula do Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, na França, o brasileiro disse ‘estar doido’ para finalizar a parceria, mas alega que não pode fazer isso diante da ‘ameaça’ dos europeus ao bloco sul-americano.
“Os acordos internacionais têm que ser mais justo. Eu estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas não é possível. A carta adicional feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo”, iniciou Lula.
Para Lula, o documento encaminhado ao Mercosul seria uma ‘ameaça inaceitável’. Ele prometeu também que o bloco do qual o Brasil faz parte irá responder os europeus em breve:
“Nós vamos fazer a resposta e mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível nós termos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaça um parceiro estratégico”, criticou então o brasileiro. “Como é que a gente vai resolver isso?”, cobrou Lula em questionamento direcionado ao presidente da França, Emmanuel Macron, que estava sentado ao seu lado.
A carta adicional citada por Lula é um documento enviado pela UE ao Mercosul com uma série de exigências ambientais para que os produtos sul-americanos possam ser comprados. O texto prevê sanções em caso de descumprimento. Acontece que as exigências são rigorosas e criariam dificuldades comerciais para uma série de produtos do agronegócio brasileiro. Segundo Lula, nem mesmo os países europeus conseguem cumprir as exigências impostas no documento. Os termos exigidos já foram classificados por integrantes do atual governo, como é o caso do presidente do Ibama Rodrigo Agostinho, como ‘verdadeiramente abusivas’.
Esta é a segunda vez que, na passagem pela Europa, Lula critica a carta adicional. Em Roma, na Itália, ele já tinha classificado os termos como inaceitáveis e dito ser necessário que a Europa deveria abrir mão do protecionismo caso queira avançar com o acordo. A expectativa da UE era assinar a parceria até o final de 2023, mas o impasse pode atrasar a conclusão. Lula já disse, inclusive, que não pretende assinar se a UE não parar, também, de exigir que o governo do Brasil compre produtos estrangeiros.
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