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Equador prende 9 mil em 43 dias de “conflito armado”

País está em estado de exceção desde início de janeiro, quando presidente Daniel Noboa anunciou medidas para controlar prisões e combater organizações criminosas, agora classificadas de terroristas

Soldado em frente a um complexo penitenciário em Guayaquil, no Equador, em 18 de janeiro de 2024. Foto: Marcos Pin/AFP
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Passados 43 dias desde que o presidente do Equador, Daniel Noboa, baixou um decreto declarando a existência de um “conflito armado interno” em nível nacional, ordenando o emprego de militares para enfrentar facções criminosas e classificando-as como organizações terroristas, o país contabiliza 9 mil detenções.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (20/02) pelo governo equatoriano, que afirma ter acusado 241 pessoas de terrorismo e apreendido mais de 62 toneladas de drogas, 2,6 mil armas de fogo, 12,4 mil explosivos, 186 mil projéteis e 3,8 mil armas brancas.

Ainda segundo o comunicado, foram realizadas 157 operações contra o terrorismo, que mobilizaram mais de 112 mil agentes.

Noboa declarou estado de exceção no país em 8 de janeiro, após fugas de presidiários e a invasão, por homens armados, de uma emissora de TV pública durante a programação ao vivo.

O estado de exceção tem duração prevista de 60 dias e autoriza o emprego de militares nas ruas e em prisões, bem como a imposição de toque de recolher. Desde então, as forças de segurança comunicaram ter “abatido” oito “terroristas” e perdido dois policiais.

Os dados divulgados pelo governo equatoriano incluem ainda a recaptura de 34 dos 90 presos que fugiram em motins no início do ano. Na ocasião, os presidiários fizeram 200 reféns, entre guardas e policiais, que eventualmente foram liberados.

Nesta terça, o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, Jaime Vela, anunciou que os militares continuarão controlando as prisões do país “até que seja necessário”.

Entidades de defesa dos direitos humanos têm apontado excessos e violações contra os presidiários por parte dos militares. O caso está em apuração pela Defensoria Pública, que conseguiu adentrar as prisões pela primeira vez em cinco anos, escoltada por agentes de segurança.

País vive escalada da violência

A onda de violência no Equador foi desencadeada em meio à implementação de um plano do governo para recuperar o controle das prisões, muitas delas dominadas por grupos criminosos. Em resposta, o crime organizado promoveu sequestros, motins em prisões e atentados com explosivos.

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os dois maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador se transformou em reduto do narcotráfico. Em 2023, o país de 17 milhões de habitantes registrou mais de 7,8 mil homicídios e a apreensão de 220 toneladas de drogas.

Confrontos entre presos deixaram mais de 460 mortos desde 2021, e a taxa de homicídios nas ruas saltou quase 800% entre 2018 e 2023, indo de 6 para 45 mortes a cada 100 mil habitantes, tornando o Equador um dos países mais perigoso do mundo – a título de comparação, a taxa no Brasil foi de 23,4 em 2022.

(Efe, ots)

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