Mundo

Em meio à guerra, Rússia assume presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU

Ucranianos chamam de ‘piada de mau gosto’

Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

Em meio à guerra na Ucrânia, a Rússia assume, a partir deste sábado 1°, a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU pelo prazo de um mês, substituindo Moçambique. A Ucrânia denuncia uma “piada de mau gosto”.

“A Rússia usurpou o seu assento; está travando uma guerra colonial; seu presidente é um criminoso de guerra procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por rapto de crianças”, denunciou o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kouleba, antes de os russos assumirem a presidência do órgão executivo das Nações Unidas.

Em uma mensagem no Twitter, Kouleba escreve que “a presidência russa no UNSC é um lembrete claro de que algo está errado com o modo como a arquitetura de segurança internacional funciona. Um Estado que arruína sistematicamente a paz e a segurança internacionais presidirá o órgão encarregado de mantê-las”, afirma a mensagem.

“Imaginamos que a Rússia vá continuar a usar sua posição para espalhar a desinformação e tentar justificar as suas ações na Ucrânia e os crimes de guerra que os membros de suas Forças Armadas estão cometendo”, reagiu a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. “Um país que viola flagrantemente a Carta da ONU e invade o seu vizinho não tem lugar no Conselho de Segurança”, acrescentou.

A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, por sua vez, disse esperar que a Rússia se comporte “profissionalmente” na presidência, embora já tenha expressado suas dúvidas.

Enquanto isso, a Rússia diz estar sendo obrigada a enfrentar “o Ocidente”. Em um pronunciamento na sexta-feira (31), o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, reafirmou que o Ocidente, em especial os Estados Unidos, representam “uma ameaça existencial para a Rússia”.

A última visita de Lavrov à sede das Nações Unidas, em Nova York, foi em setembro passado, durante a Assembleia Geral da organização. O chefe da diplomacia russa presidirá uma reunião do Conselho de Segurança em abril.

“Outro evento importante da presidência russa será o debate aberto de alto nível do Conselho sobre ‘multilateralismo efetivo por meio da defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas’. Esta reunião será presidida pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov”, infromou a porta-voz russa, Maria Zakharova, a repórteres. Lavrov também deve presidir uma sessão de debates sobre o Oriente Médio em 25 de abril.

Boicote

O movimento de cidadãos Atlas destaca que a notícia parece piada, por acontecer no “Dia da Mentira”, e lamenta que um país como a Rússia tenha autorização para assumir a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU por um mês. “Se 80 anos atrás, a Alemanha nazista tivesse presidido o Conselho de Segurança – embora tal órgão não existisse naquela época – imagino que as pessoas não teriam aceitado isso”, defende Andrea Venzon, co-fundadora do movimento Atlas.

Se a Rússia ainda não é tão criminosa quanto a Alemanha nazista, os números da invasão da Ucrânia causam preocupação mundial. “As tropas russas são responsáveis por mais de 200.000 mortes e 18 milhões de deslocados. Agora está claro que a Rússia não está tentando parar esta guerra, então a única coisa que podemos fazer é agir com firmeza”, acrescenta Venzon.

O movimento Atlas convocou manifestações para esta tarde, em Londres e em outras capitais dos países membros do Conselho de Segurança da ONU. O grupo pede aos diplomatas de sete países-membros que boicotem as reuniões. Um símbolo forte, mas que não deve ser seguido: em Nova York, os diplomatas se recusam a atrapalhar a atuação do Conselho em outras questões. Em vez disso, eles prometem estar vigilantes e bloquear qualquer obstáculo que a Rússia possa impor durante este mês.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo