O Parlamento da Espanha aprovou a revisão da reforma trabalhista nesta quinta-feira 3, mas há possibilidade de que a votação seja anulada. O decreto-lei foi aprovado com um placar de 175 a 174, porém, um deputado contrário à revisão diz ter se confundido e votado a favor.
O congressista se chama Alberto Casero e é do Partido Popular, legenda pela qual a reforma trabalhista foi aprovada em 2012, quando Mariano Rajoy era primeiro-ministro.
Segundo o jornal El País, Casero votou de casa porque estava doente e, ao se dar conta do erro, apresentou-se ao Congresso para corrigir o voto, mas a presidente Meritxell Batet não autorizou a reversão.
"La Mesa del Congreso era consciente de que había una anomalía en el voto emitido por un miembro de la Cámara y han decidido seguir adelante con la votación. El diputado se ha personado en la Cámara y se le ha impedido la entrada en el hemiciclo".
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— Partido Popular (@populares) February 3, 2022
O Partido Popular declarou que houve um erro informático na contabilização do voto e anunciou que vai entrar com um pedido de anulação. Segundo a agremiação, os fatos foram comunicados antes da votação, mas a presidente do Congresso teria ignorado as reivindicações.
“A Mesa do Congresso estava consciente de que havia uma anomalia no voto emitido por um membro da Câmara e decidiu seguir adiante com a votação”, disse uma porta-voz do Partido Popular, em coletiva de imprensa.
A revisão da reforma trabalhista é um dos carros-chefe do programa de governo de Pedro Sánchez, do Partido Socialista Operário da Espanha. A iniciativa do primeiro-ministro, no poder desde 2019, foi citada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como inspiração ao propor a revisão da reforma trabalhista no Brasil.
Setores que se identificam com a esquerda na Espanha, porém, dizem que a revisão não revogou alguns pontos importantes da reforma trabalhista do País. O projeto é fruto de um acordo do PSOE com duas centrais sindicais aliadas – a União Geral dos Trabalhadores e a Confederação Sindical de Comissões Trabalhistas – e a Confederação Espanhola de Organizações Empresariais, com supervisão da União Europeia.
De acordo com o jornal ABC, o governo tentou negociar com esses setores associados à esquerda, mas houve acusações cruzadas de não haver disposição para um acordo, e tais partidos decidiram votar contra o projeto.
Sánchez comemorou no Twitter a aprovação da revisão da reforma.
“A Espanha conta com um novo marco de relações trabalhistas que situa a dignificação do trabalho no centro”, disse o primeiro-ministro. “Recuperamos direitos e reconstruímos consensos para avançar com empregos de qualidade. Obrigado aos grupos que têm apoiado esse grande acordo de País.”
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