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Em encontro exibido pelo PT, Maduro chama Bolsonaro de “tremenda desgraça”

Presidente da Venezuela disse que se alegra por Bolsonaro superar o coronavírus, mas criticou ‘loucura’ do mandatário brasileiro

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: Reprodução/YouTube
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que está contente por saber que o presidente Jair Bolsonaro superou o coronavírus, mas que o mandatário é responsável por “uma tremenda desgraça” para o povo brasileiro. A declaração ocorreu durante um encontro virtual mediado pela integrante da Comissão Executiva Nacional do PT, Mônica Valente, e exibido pelo canal do partido nesta terça-feira 28.

“O que a direita oferece ao nosso país? O que Bolsonaro tem feito para o Brasil? Melhorou o Brasil? Uniu mais o Brasil? Como é o manejo da pandemia no Brasil? Um êxito de Bolsonaro? Perguntamos daqui de Caracas”, disse.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Venezuela registra o total de 142 mortes e mais de 15 mil casos de coronavírus, contra quase 90 mil óbitos no Brasil e mais de 2,4 milhões de infectados.

“Só para citar: a loucura de Bolsonaro. A única coisa que nos alegramos é que já passou o coronavírus. Como ser humano, me alegro, superou. Mas é uma tremenda desgraça para o povo do Brasil”, completou Maduro.

A videoconferência também reuniu o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. O evento comemorou os 30 anos do Foro de São Paulo, bloco de partidos de esquerda da América Latina e do Caribe.

Na ocasião, Maduro também criticou os “governos pró-gringos” e os “vende-pátrias”, referindo-se a mandatários que se aliam ao governo dos Estados Unidos, como no Brasil, na Colômbia, de Iván Duque, e agora, na Bolívia, da presidente interina Jeanine Añez, que sucedeu Evo Morales.

“Em que ajuda os Estados Unidos ao Brasil? Gerou um golpe de estado na Bolívia. O povo da Bolívia está melhor hoje? Ajuda o governo dos Estados Unidos em algo para que a vida do povo colombiano seja melhor?” indagou. “Tivemos que encarar uma política supremacista dos Estados Unidos contra o novo povo. A essência da ideologia dominante dos Estados Unidos hoje é a supremacista. Eles acreditam ser superiores a nós, que devemos escravizar nossos países e entregar nossas riquezas a eles.”

No discurso, Maduro enviou saudações aos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que também participam do Foro de São Paulo. Em 2019, a Venezuela sediou o 25º encontro do fórum, que incluiu a libertação de Lula como um dos temas da agenda de discussões.

O Foro de São Paulo foi fundado em 1990, pelo PT e pelo Partido Comunista de Cuba, com o papel de debater estratégias para a esquerda na América Latina e no Caribe, após a queda do Muro de Berlim e a derrubada do campo socialista no continente europeu. O primeiro encontro ocorreu na própria cidade de São Paulo.

A partir de 1998, com a chegada de líderes de esquerda à presidência em alguns países, o Foro de São Paulo ganhou maior potencialidade como contrapeso às instituições de produção científica e intelectual comandadas pela direita latinoamericana.

Nesta edição, Maduro disse ainda que, apesar da ascensão da extrema-direita, “mais cedo do que tarde aparecerá uma nova onda de governos progressistas” para reassumir uma agenda que ele chamou de “integracionista”, assim como nos anos 2000. Ele defendeu ainda que a esquerda “vá às comunidades e aos bairros” para “renovar suas lideranças”, e saudou o Foro de São Paulo por ter impulsionado governos progressistas na primeira década do século XXI.

“Todos esses processos que nos conduziram para a fundação da Alba [Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América], a Telesur, a Unasul [União das Nações Sul-Americanas], a Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos] não seriam possíveis se não fosse pelos processos progressistas e revolucionários promovidos desde o Foro de São Paulo”, disse Maduro. ”

Mônica Valente, que, além de compor o PT, também atua como secretária-executiva do Foro de São Paulo, criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos contra Venezuela, Cuba e Nicarágua, e disse estar ao lado dos chavistas.

“Estivemos sempre ao lado da revolução bolivariana e do seu legítimo presidente, companheiro Nicolás Maduro”, afirmou. “Condenamos os golpes de estado levados a cabo no Paraguai, Honduras, Brasil, Equador e Bolívia. Golpes para derrubar governos progressistas, por meio da implacável perseguição política e policial contra os líderes da esquerda latinoamericana, como ocorreu com a Marielle Franco.”

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