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Eleição na Venezuela só será válida se oposição não se comportar como Bolsonaro, diz Lula

O presidente brasileiro não deu detalhes sobre o comportamento ao qual se referia; principal opositora de Maduro foi impedida pela Justiça de se candidatar

O presidente Lula. Foto: Evaristo Sá/AFP
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Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a eleição presidencial na Venezuela, marcada para o próximo dia 28 de julho, só terá validade se a oposição ao governo de Nicolás Maduro não se comportar como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula comentou sobre a eleição venezuelana nesta quarta-feira 6, no Palácio do Planalto, pouco antes de se encontrar com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez.

Em rápida conversa com jornalistas, o petista se disse “feliz” com o fato de que as eleições no país vizinho foram marcadas, apontando que confia na lisura do processo eleitoral. “O que eles [venezuelanos] me disseram é que vão convidar olheiros do mundo inteiro”, afirmou Lula.

“Mas, se o candidato da oposição tiver o mesmo comportamento do nosso aqui, nada vale”, complementou Lula, em referência a Bolsonaro.

O presidente brasileiro não deu detalhes sobre o comportamento ao qual se referia. Vale lembrar que, nos meses seguintes à vitória dele nas eleições presidenciais, Bolsonaro não reconheceu o resultado do pleito. 

Além disso, movimentos golpistas foram organizados no país, fazendo eclodir os ataques contra as sedes dos Três Poderes, no 8 de Janeiro. A articulação sobre um suposto plano de golpe de Estado vem sendo investigada pela Polícia Federal (PF).

A eleição na Venezuela

Na Venezuela, porém, ainda não há um candidato de oposição definido. A oposicionista María Corina Machado venceu as eleições primárias da oposição em outubro do ano passado, mas uma decisão da Corte Suprema de Justiça do país, tomada no final de janeiro, não apenas a impediu de participar das eleições, mas determinou que ela não poderá ocupar cargos públicos pelos próximos quinze anos. 

A Venezuela decidiu marcar o pleito na mesma data em que seria aniversário do ex-presidente Hugo Chávez, que faleceu em 2013. Maduro, que era vice de Chávez, está no poder desde 2012.

De lá para cá, o atual mandatário já venceu duas eleições presidenciais, mas os resultados dos pleitos e, principalmente, os casos de violações aos direitos humanos são contestados por parte da comunidade internacional e organismos de governança.

O governo Maduro, por exemplo, nega irregularidades. Recentemente, o governo do país anunciou a suspensão das atividades do escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos no país. 

O escritório, que já foi chefiado pela ex-presidente chilena Michelle Bachelet, foi o mesmo que já denunciou que o governo venezuelano reprimia opositores. Em relatório publicado ainda em 2019, o órgão apontou a existência de grupos de extermínio formados por policiais.

Nesta semana, o governo venezuelano mandou tirar do ar o sinal do canal alemão Deutsche Welle (DW), segundo informações da agência AFP

Madurou chamou a rede de “nazista” depois que o canal veiculou uma reportagem apresentando informações sobre a existência de um suposto cartel de tráfico de drogar e garimpo ilegal no país. As organizações, segundo a matéria, seriam operadas por militares venezuelanos e contariam com a anuência do governo.

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