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Candidata é assassinada no México; López Obrador diz ser um ‘dia triste’

Celaya é uma das áreas de Guanajuato com presença do cartel de Santa Rosa de Lima, em guerra contra o Jalisco Nueva Generación

Perícia trabalha no corpo de Gisela Gaytan (fora da imagem), no México, em 1º de abril de 2024. Foto: Oscar Ortega/AFP
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Uma candidata da situação à prefeitura de um município no conturbado estado mexicano de Guanajuato (centro) foi morta a tiros após seu primeiro comício na segunda-feira 1º, um crime que foi condenado, nesta terça-feira 2, pelo presidente Andrés Manuel López Obrador.

A vítima é Gisela Gaytán, de 38 anos, que disputava a prefeitura de Celaya pelo Martido Morena, informou a procuradoria do estado na noite de segunda, horas depois do ataque.

Desde outubro, quando começou o processo para as eleições gerais de 2 de junho, foram assassinadas pelo menos 15 pessoas entre candidatos e pré-candidatos a cargos regionais, informou a secretária de Segurança, Rosa Icela Rodríguez.

A consultoria Laboratorio Electoral contabiliza 59 pessoas assassinadas em “episódios de violência eleitoral” entre 4 de junho de 2023 e 26 de março de 2024, das quais 26 disputavam cargos eletivos.

Na manhã desta terça-feira, a secretaria de Segurança havia informado à imprensa que no atentado contra Gaytán também havia morrido Adrián Guerrero, aspirante a um assento na Câmara de Vereadores. Mas, horas depois, seu gabinete esclareceu, em nota, que o candidato está na “qualidade de não localizado” e que não há registro de que tenha morrido.

A instância não detalhou até o momento se Guerrero estava com a candidata no momento do ataque.

“É um dia triste porque ontem assassinaram a candidata à prefeitura de Celaya. Esses acontecimentos são muito lamentáveis, há pessoas que lutam para fazer valer a democracia”, disse López Obrador no início de sua coletiva de imprensa matinal.

A candidata foi assassinada na tarde de segunda-feira na comunidade de San Miguel Octopan, em Celaya, onde se reunia com apoiadores. Durante a visita, após passar por um jardim da cidade, foram ouvidas diversas explosões que causaram pânico na multidão, segundo imagens das câmeras de segurança do local.

“A candidata à prefeitura foi assassinada com tiros de armas de fogo e mais três pessoas ficaram feridas”, detalhou o comunicado do Ministério Público estadual.

Pedido de segurança

Gaytán havia pedido recentemente proteção das autoridades, mas não recebeu resposta, razão pela qual as investigações buscam determinar se houve negligência, segundo o governo.

Segundo a secretária Rodríguez, até a segunda-feira foram recebidas 108 solicitações de proteção de candidatos, das quais 86 já foram atendidas, 10 “declinadas” e 12 estão em análise de risco.

Em coordenação com autoridades eleitorais, o governo federal dá proteção a candidatos à Presidência, ao Congresso bicameral e a nove governos estaduais.

As autoridades locais, por sua vez, devem atender aos pedidos dos candidatos a cargos estaduais e municipais.

O governador de Guanajuato, Diego Sinhue, do conservador PAN (oposição), declarou na segunda-feira pela rede X que o ataque contra Gaytán “não ficará impune” e que coordenará esforços para que os candidatos sejam resguardados.

Guanajuato é considerado o estado mais violento do México, com mais de 3 mil homicídios em 2023, enquanto Celaya é o epicentro de uma guerra entre o cartel de Santa Rosa de Lima e o Jalisco Nova Geração, considerado um dos grupos criminosos mais poderosos do país.

Há vários anos, a espiral de violência ligada ao crime organizado alcança políticos de vários partidos, sobretudo aqueles que ocupam ou disputam cargos regionais.

Os motivos vão de tentativas das máfias de submeter os candidatos a disputas de poder entre grupos políticos.

No último sábado 30, o prefeito do município de Churumuco, no estado de Michoacán (oeste), Guillermo Torres, foi assassinado.

Desde dezembro de 2006, quando o governo federal lançou uma controversa ofensiva militar contra as drogas, mais de 420 mil pessoas foram assassinadas no México, a maioria delas vítimas de atos criminosos, segundo dados oficiais.

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