Mundo
Diretor de prestigiosa universidade francesa renuncia após acusação de violência doméstica
Mathias Vicherat comandava a Sciences Po Paris desde 2021


O diretor de uma das universidades mais prestigiosas da França, Sciences Po Paris, anunciou nesta quarta-feira sua demissão para “preservar” a instituição após ser acusado de violência doméstica por sua ex-companheira.
Mathias Vicherat e sua ex-companheira Anissa Bonnefont se acusam mutuamente de violência doméstica e, em 3 de dezembro, foram detidos, mas liberados no dia seguinte. A Promotoria de Paris abriu uma investigação.
“Estou ciente que eu e minha ex-namorada fomos chamados pelo tribunal criminal”, escreveu em uma mensagem enviada à comunidade acadêmica da Sciences Po e confirmada à AFP pela direção.
“Me importa mais a instituição do que a mim mesmo. Para preservá-la, decidi me demitir”, acrescentou Vicherat, de 45 anos, que rejeitou as acusações de sua ex-companheira. “A Justiça esclarecerá a realidade dos fatos”, acrescentou.
Quando sua detenção tornou-se pública, estudantes protestaram no campus principal em Paris pedido a demissão do diretor, eleito em 2021 com um programa contra a violência sexual e sexista.
Ele substituiu então Frédéric Mion, que foi forçado a renunciar ao cargo em fevereiro daquele ano por ignorar as suspeitas de incesto contra o conhecido cientista político Olivier Duhamel.
A Sciences Po foi fundada em 1872 para formar autoridades públicas, mas foi gradualmente aberta a estudantes que buscavam carreiras no setor privado e a estudantes estrangeiros. Muitos ministros, pesquisadores, empresários e presidentes da República se formaram em suas salas de aula.
Entre seus ilustres alunos estão o estilista Christian Dior e o escritor Marcel Proust, além do presidente francês Emmanuel Macron e o ex-primeiro-ministro canadense Pierre Trudeau.
Outra controvérsia atingiu a universidade depois que na terça-feira cerca de cem alunos ocuparam o auditório em uma protesto pró-palestino para impedir a entrada de uma estudante judia.
A estudante, membro da União dos Estudantes Judeus na França, foi recebida com gritos de “Não a deixem entrar, ela é uma sionista“, conforme afirmou essa organização na rede social X.
O presidente Macron disse que esses comentários são “intoleráveis”. A direção da universidade afirmou que estava tomando medidas legais contra os atos antissemitas e lamentou “um clima tóxico inaceitável”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

França pede ‘perdão’ aos homossexuais, perseguidos por 40 anos
Por AFP
França se torna primeiro país a proteger o aborto em sua Constituição
Por AFP
Macron promoverá lei para permitir eutanásia sob ‘condições estritas’
Por AFP