Mundo
Dilma, Haddad, Celso Amorim e líderes latinos pedem renúncia de Luis Almagro da OEA
Lideranças argumentam que vitória de Luis Arce nas eleições da Bolívia confirma que houve golpe no país em 2019


Um documento escrito por 26 lideranças do Grupo de Puebla pediu a renúncia do uruguaio Luis Almagro do cargo de secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), por causa do resultado das eleições presidenciais da Bolívia. O documento foi publicado nesta quarta-feira 21.
O Grupo de Puebla foi criado em 2019 e é composto por ex-presidentes e ex-integrantes de governos da América Latina. O presidente Alberto Fernández é o único político em exercício a integrar a organização.
Entre os brasileiros que assinam a carta, estão a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o ex-chanceler Celso Amorim. Também escreveram o texto os ex-presidentes Ernesto Samper (Colômbia), Rafael Correa (Equador), José Luiz Zapatero (Espanha) e Fernando Lugo (Paraguai).
Para eles, a vitória de Luis Arce nas eleições da Bolívia confirma que houve golpe no país em 2019.
No ano passado, Evo Morales ganhou a disputa nas urnas, mas foi pressionado por militares a renunciar devido a acusações de fraude reforçadas pela OEA. Como os números comprovaram que o resultado estava correto, o processo que impediu Morales de exercer o cargo é acusado de golpe.
“O questionamento eleitoral da OEA desencadeou uma situação de violência política e social, que terminou em um golpe de estado e a posterior renúncia do presidente Evo Morales, que assim preservou a paz social e salvou sua vida, com o apoio do Grupo de Puebla, exilando-se no México e depois na Argentina”, dizem.
Na sequência, questionam a liderança regional de Luis Almagro, responsabilizando-o pelas consequências das acusações de fraude.
“O papel que executou na desestabilização democrática da Bolívia e as relações excludentes que mantém com outros países da área lhe fazem inabilitado para seguir exercendo o papel de mediação que deveria desempenhar à frente de um cargo tão importante”, escrevem.
“Sua saída ajudará a recuperar a paz na região e reativar a integração regional que tanta falta tem feito nestas épocas de pandemia”, completam.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Eleições na Bolívia mostram que política externa terá que ser revista’, diz professor
Por Alexandre Putti
Observadora na Bolívia, Sâmia Bomfim relata presença ostensiva das Forças Armadas nas eleições
Por Victor Ohana