Economia

Dilma e Putin defendem transações sem dólar após encontro na Rússia

‘Não há ustificativa para países em desenvolvimento não poderem estabelecer troca em moeda local’, afirmou a presidenta do Banco do Brics

Encontro entre Dilma Rousseff e Vladimir Putin na Rússia. AFP Photo/Tass Host Photo Agency/Vladimir Smirnov
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A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento – o Banco do Brics -, Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira 26 ter o desafio de ampliar a captação em moeda local, a fim de contribuir com a formação de um sistema “mais multipolar e multilateral”.

As declarações foram concedidas após uma reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. O encontro ocorreu em São Petersburgo, como parte da 2ª Cúpula Rússia-África – Fórum Econômico e Humanitário. Dilma também teve uma bilateral com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

“Não tem nenhuma justificativa para que os países em desenvolvimento não possam estabelecer entre si troca em moeda local. A nossa estratégia 2022-2026 estabelece que 30% das nossas captações têm de ser em moeda local”, disse Dilma.

Em linha com a declaração da ex-presidenta brasileira, Putin ressaltou que os países do Brics devem trabalhar em prol de interesses comuns, inclusive na esfera financeira. Ele afirmou que pagamentos em moedas nacionais no comércio entre os países do bloco estão se expandindo e avaliou que o NDB pode desempenhar um papel neste tema. Putin acrescentou que o dólar tem sido usado como um instrumento de luta política.

Dilma exaltou a presença de líderes de países africanos e mencionou “uma história de abandono” do continente. Segundo ela, o NDB não fará imposições às nações da região em troca de empréstimos.

De acordo com o NDB, os encontros de Dilma nesta quarta serviram para discutir a próxima Cúpula do Brics, a ser realizada na África do Sul em agosto, e outros temas relevantes, como a expansão de membros da instituição.

O banco reforçou que não considera novos projetos na Rússia e opera “em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados financeiros e de capitais internacionais”.

“Será importante a reunião do Brics [em agosto] e dizer que há no NDB outra questão muito importante também, que é a expansão para outros países do mundo em desenvolvimento”, completou Dilma Rousseff.

O Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e, após os anos de Jair Bolsonaro (PL), voltou a ganhar atenção do governo brasileiro. É neste contexto que o presidente Lula articulou a eleição de Dilma para a presidência do NDB, em março.

O banco do bloco tem o objetivo de mobilizar recursos para investir em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em mercados emergentes. Como a Rússia é membro fundador do Brics e integrante do NDB, portanto, o encontro entre Dilma e Putin tem caráter puramente institucional.

O Novo Banco de Desenvolvimento foi fundado em 2014 com capital autorizado de 100 bilhões de dólares e capital inicial de 50 bilhões, com contribuições igualmente distribuídas entre os cinco membros fundadores.

A agenda de Dilma Rousseff nesta quarta também previa encontros à margem da Cúpula Rússia-África, especialmente com líderes de outros países africanos.

Alvo de uma ordem de prisão expedida pelo Tribunal Penal Internacional, Putin não comparecerá à Cúpula do Brics, entre 22 e 24 de agosto.

“Por acordo mútuo, o presidente Vladimir Putin da Federação Russa não participará da reunião de cúpula, mas a Federação Russa será representada pelo ministro das Relações Exteriores, o senhor (Sergei) Lavrov”, informou na semana passada Vincent Magwenya, porta-voz de Cyril Ramaphosa.

A África do Sul mantém uma postura de neutralidade sobre a guerra na Ucrânia, mas é “acusada” por parte da comunidade internacional de ter simpatia maior por Moscou. Em junho, Ramaphosa liderou uma missão africana com representantes de sete países, entre eles Egito, Senegal e Zâmbia, com viagens a Kiev e São Petersburgo.

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