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Dia dos 50 anos do golpe no Chile tem minuto de silêncio, filha de Allende e ausência da extrema-direita

‘É mais necessário do que nunca renovar o compromisso de todos e de cada um pela democracia’, disse a senadora Isabel Allende

Ato em Santiago sobre os 50 anos do golpe no Chile. Foto: Pablo Vera/AFP
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Sob o lema Democracia Sempre, o presidente do Chile, Gabriel Boric, liderou um ato no Palácio de La Moneda, em Santiago, para relembrar o golpe militar de 11 de setembro de 1973. Há 50 anos, militares derrubaram Salvador Allende e abriram o caminho para uma ditadura da qual o Chile só se livraria em 1990.

A mobilização desta segunda-feira 11 foi marcada por mensagens em defesa da democracia e de condenação a regimes que violam os direitos humanos.

Horas antes, o partido de extrema-direita UDI, que não participou do ato no palácio presidencial, emitiu um comunicado no qual alegou que a queda de Allende ocorreu devido à “situação extrema enfrentada pelo Chile, marcada pelo ódio, pela legitimação da violência como via de ação política e pela severa polarização provocada por um setor da esquerda chilena”.

Para o UDI, o golpe de 11 de setembro “se transformou em algo inevitável”. Boric rebateu indiretamente o argumento nesta segunda. “Nos revelamos quando nos dizem que não havia outra alternativa. Certamente havia outra alternativa”, disse o presidente.

Boric foi aplaudido por familiares de desaparecidos sob a ditadura e pelos presidentes do México, Andrés López Obrador; da Colômbia, Gustavo Petro; da Bolívia, Luis Arce; e do Uruguai, Luis Lacalle Pou.

Outras figuras de destaque compareceram, a exemplo do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, do ex-chefe do Governo espanhol Felipe González e da presidenta da associação argentina Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto.

A senadora socialista Isabel Allende, filha do presidente deposto pelo golpe de 1973, emocionou os participantes ao narrar sua experiência naquele 11 de setembro. Na primeira fila do ato desta segunda estava Maya Fernández, ministra da Defesa e neta de Salvador Allende.

“Hoje, quando a democracia no mundo enfrenta novas ameaças autoritárias, é mais necessário do que nunca renovar o compromisso de todos e de cada um pela democracia. É por isso, presidente, que é muito valiosa a carta Democracia Sempre, que você assinou com todos os nossos ex-presidentes do Chile”, disse a senadora.

A cerimônia também teve um minuto de silêncio às 11h52, horário em que, há 50 anos, o Palácio de La Moneda foi bombardeado pela Aeronáutica. Durante a ditadura, houve pelo menos 1.747 pessoas assassinadas e 1.469 desaparecidas.

A ex-presidenta Michelle Bachelet pediu nesta segunda à oposição de direita uma visão mais ampla, em meio à tensão no 50º aniversário do golpe.

“Como país, precisamos continuar refletindo e aprendendo com as lições do passado, porque teme-se que, quando há um grau significativo de polarização, o risco de um olhar breve e mesquinho não nos faz bem”, disse Bachelet. Ela foi torturada sob a ditadura e é filha de um general da Força Aérea que morreu depois de também ter sido torturado.

Em setembro de 2022, o texto de uma nova Constituição, considerado progressista, foi rejeitado por 62% da população chilena. O resultado gerou um novo impasse: submeter-se a uma Carta produzida na ditadura torna ainda mais difícil enterrar os vestígios daquele regime de exceção.

Após a reprovação, as forças políticas acertaram uma segunda tentativa para substituir a Constituição de 1980.  Neste ano, o Partido Republicano, que reivindica um suposto legado de Pinochet, venceu o processo que elegeu os responsáveis por redigir um novo projeto.

(Com informações da AFP)

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