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“Dia da Vitória” na Coreia do Norte: desfile militar tem presença de russos e chineses
Discurso do ministro da Defesa norte-coreano denunciou avanço dos Estados Unidos na região e deu duros recados aos norte-americanos; presença de russos e chineses mostra que País não está isolado


A Coreia do Norte comemorou o 70º aniversário do armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-1953) com um desfile militar, na noite desta quinta-feira (27), em Pyongyang. O Dia da Vitória, como o regime chama esta data, foi uma oportunidade para o país exibir mísseis intercontinentais, além de novos drones de ataque e espionagem. O evento aconteceu diante das delegações da Rússia e da China e mostra que o regime norte-coreano não está isolado.
Kim Jong-un apareceu para a multidão com um grande sorriso no rosto, ao lado do ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e do oficial do Partido Comunista Chinês, Li Hongzhong. Eles são os primeiros convidados estrangeiros no país desde a epidemia de Covid-19.
A Coreia do Norte apresentou mísseis balísticos intercontinentais que violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que tem a Rússia e a China como membros permanentes.
Kang Sung-nam, ministro da Defesa norte-coreano, aproveitou para denunciar o reforço da presença militar americana na região e fazer novas ameaças.
“Recentemente assistimos pela primeira vez, em quarenta anos, ao aparecimento de um submarino nuclear de uma superpotência equipado com uma bomba nuclear capaz de destruir um país inteiro, num porto do sul da península. Os imperialistas dos EUA não têm margem de manobra para sobreviver se usarem armas nucleares contra a Coreia do Norte”, ameaçou.
“A questão não é se uma guerra nuclear ocorrerá na península coreana, mas sim quem a iniciará, quando e como”, acrescentou o ministro, de acordo com a televisão local.
Pyongyang tem condenado regularmente as manobras militares dos EUA na região. Kang alertou que o Norte agirá se americanos tentarem “um confronto militar como é o caso atualmente”.
O regime norte-coreano apresentou suas inovações de defesa ao chefe do Exército russo: Haeil, um drone subaquático supostamente capaz de desencadear um tsunami nuclear, e dois novos drones espiões e de combate.
“O entusiasmo e a alegria do público eram visíveis” quando o mais novo ICBM (míssil balístico intercontinental) de combustível sólido da Coreia do Norte, o Hwasong-18, foi apresentado, segundo a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA). O armamento foi testado em abril e julho deste ano.
Ainda segundo a KCNA, o desfile “demonstrou ao mundo inteiro o desejo comum de criar um novo símbolo de vitória na era Kim Jong-un”.
Foto: AFP PHOTO/KCNA VIA KNS
O líder norte-coreano não discursou, mas fez uma “saudação de batalha” durante o desfile. Pyongyang, assim como Moscou, continuam afirmando que nenhuma arma norte-coreana foi entregue à Rússia. Sergei Shoigu, no entanto, transmitiu os agradecimentos de Vladimir Putin pelo apoio da Coreia do Norte à guerra da Ucrânia.
Para Leif-Eric Easley, professor da Ewha University em Seul, “a presença da China em um desfile em que a Coreia do Norte exibe mísseis com capacidade nuclear levanta sérias questões sobre o apoio de Pequim às ameaças de Pyongyang à segurança global”.
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