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Debate será crucial para decidir novo presidente da Argentina em pleito que deve ser definido por indecisos

Às 21 horas deste domingo (12), o ultraliberal Javier Milei, de extrema direita, e o peronista Sergio Massa, de centro-esquerda, tentarão forçar o erro do adversário no único e decisivo debate entre presidenciáveis deste segundo turno das eleições presidenciais argentinas, a uma semana de um pleito tecnicamente empatado

Sergio Massa e Javier Milei disputarão o segundo turno na Argentina. Foto: JUAN MABROMATA e Tomas CUESTA/AFP
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O ultraliberal Javier Milei, de extrema-direita, e o atual ministro da Economia, Sergio Massa, peronista de centro-esquerda, vão tentar demonstrar aos ainda indecisos que podem desempatar uma disputa acirrada.

A média das 12 pesquisas às quais a RFI teve acesso deixa Javier Milei com 44,6% das intenções de voto contra 42,6% para Sergio Massa. Uma diferença de apenas dois pontos, dentro da margem de erro.

A decisão estará, então, nas mãos dos 6% de indecisos, já que 5% pretendem votar em branco ou anular.

“Menos ruim”

“É uma disputa pelo mal menor ou pelo menos ruim. Nesse sentido, o debate é a última instância para romper com essa hiper paridade. O debate presidencial terá uma dinâmica muito mais fluida, com candidatos dicotômicos, permitindo à sociedade definir porque os erros ficam muito mais expostos”, indicou o cientista político Cristian Buttié, diretor da consultora CB Opinião Pública.

Para o consultor, um dos poucos que acertaram o resultado do primeiro turno, se as eleições fossem hoje, Javier Milei teria 46,3% contra Sergio Massa, com 43,1%, enquanto 5,7% estão indecisos e 4,9% vão anular por não concordarem com nenhum dos dois. Na projeção dos votos válidos, Milei ganharia com 51,8%.

“Sociedade totalmente dividida”

“Temos uma sociedade totalmente dividida. Uma metade se define pelo mal menor, o candidato governista que, com as suas grandes deficiências em matéria econômica, é considerado um mal conhecido para aquele que não quer pular no precipício do desconhecido”, descreve Buttié.

“A outra metade, baseada na indignação e no cansaço que este governo gera, quer uma mudança sem se importar com qual mudança”, acrescenta.

Debate inspirado em modelo brasileiro

O formato do debate desta noite foi inspirado no modelo do debate brasileiro entre Lula e Jair Bolsonaro no segundo turno.

Os candidatos vão abordar nove temas: Economia, Relações Exteriores, Educação, Saúde, Produção, Trabalho, Segurança, Direitos Humanos e Convivência Democrática. Sem trunfos a exibir, Sergio Massa usa e abusa da estratégia do medo, que consiste em apontar todos os direitos e subsídios que os argentinos vão perder se Javier Milei for eleito, inclusive correndo risco a própria democracia.

“Sergio Massa vai fazer uma grande convocação aos eleitores pela unidade nacional para acabar com a polarização. É um conceito implícito que houve no Brasil em 2022, quando Bolsonaro foi posto como um perigo institucional, levando uma união de toda a centro-esquerda”, compara Cristian Buttié.

Sergio Massa vai ainda explorar a instabilidade emocional de Javier Milei, provocando uma reação do libertário. A campanha de Massa tem afirmado que Milei quer o livre porte de armas e acabar com a Educação e com a Saúde pública, além de recortar aposentadorias e planos assistencialistas.

Por sua parte, Milei também deve advertir os argentinos que, se continuarem com Sergio Massa, a elevada inflação se tornará hiperinflação e a Argentina, “uma Venezuela”. “A estratégia de Milei é mostrar a deficiência desta gestão que leva a Argentina a uma decadência estrutural, cultural e educativa. E que a única forma de mudar isso é com uma mudança disruptiva”, aponta Cristian Buttié em entrevista à RFI.

O debate deste domingo (12) é decisivo para abrir uma diferença nesta última semana antes das eleições de 19 de novembro.

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