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Cresce o medo de uma guerra na fronteira da zona separatista moldava da Transnístria

Na segunda-feira, o Ministério do Interior da região separatista pró-Rússia informou que um prédio do governo na capital, Tiraspol, foi atacado com um lançador de granadas

Foto: Sergei GAPON / AFP
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No posto fronteiriço de Varnita, que delimita o território da Moldávia com a região separatista pró-Rússia da Transnístria, a série de ataques que ocorreram nesta semana preocupam a população e alimentam temores de que o conflito na vizinha Ucrânia se repita nesta região.

“Estou inquieta, todos nós estamos”, disse Galina Turcanu, de 46 anos, que administra uma pequena empresa familiar que opera nos dois lados da fronteira.

Como muitas pessoas entrevistadas pela AFP, Galina disse que por enquanto não vai fugir.

“Temos medo da guerra”, disse Alex, um homem de 50 anos que preferiu não revelar seu sobrenome.

Na segunda-feira, o Ministério do Interior da região separatista pró-Rússia informou que um prédio do governo na capital, Tiraspol, foi atacado com um lançador de granadas.

Durante a semana, um ataque com explosivos atingiu uma torre de rádio perto da fronteira ucraniana e foram relatados tiros perto de um depósito de munições russo.

A Rússia se declarou “alarmada” com a escalada da tensão nesta região e condenou os incidentes, que classificou como “atos de terrorismo”.

Más recordações

Esta autoproclamada república, apoiada por Moscou, se separou da Moldávia após uma breve guerra em 1992.

Desde então, 1.500 soldados russos foram destacados para garantir a segurança deste território, que não é reconhecido pela comunidade internacional.

Durante o conflito, muitos moradores tiveram que fugir. “Foi difícil, não queremos que isso aconteça novamente”, confessou Turcanu, da fila de carros que procuram entrar na Transnístria. “São memórias ruins”, acrescentou.

Nos últimos dias, o tempo de espera neste posto de controle aumentou, apontou um policial moldavo.

As autoridades locais da “república” separatista realizam “controles mais rígidos” após as explosões.

Do lado moldavo, por sua parte, as forças de segurança contentam-se em cumprimentar os motoristas.

A presidente da Moldávia, Maia Sandu, uma política pró-Europa, anunciou medidas para reforçar a segurança do país, mas a presença de tropas policiais ou militares é discreta na capital Chisinau ou na estrada para Transnístria.

Desde a invasão das tropas russas contra Kiev, a Moldávia, um pequeno país localizado entre a Romênia e a Ucrânia, teme ser o próximo alvo do presidente russo, Vladimir Putin.

Após os incidentes, Kiev acusou Moscou de querer “desestabilizar” esta área, mas Oleg Serebrian, vice-primeiro-ministro da Moldávia, minimizou a possibilidade de interferência russa.

A Moldávia, ex-república soviética de 2,6 milhões de habitantes, é uma das regiões mais pobres e despovoadas da Europa. Após o início da guerra recebeu 401.893 ucranianos fugindo do conflito.

Do total de refugiados, mais de 91.000 permanecem em território moldavo e agora o país se prepara para a possível chegada de deslocados da Transnístria.

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