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Congresso peruano debate posse do quarto gabinete de Castillo em sete meses

Se o Parlamento negar a confiança, o presidente precisará formar um quinto gabinete

O presidente do Peru, Pedro Castillo. Foto: Sebastian Castaneda/X07403/ AFP
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O novo chefe do conselho de ministros do Peru, Aníbal Torres, defendeu consensos entre o governo e o Congresso, ao pedir um voto de confiança no gabinete ministerial, o quarto nomeado pelo presidente de esquerda Pedro Castillo desde que ele chegou ao poder, há sete meses.

“Deve-se construir consensos apelando para o diálogo. Temos que enfrentar todos os males juntos, somos todos peruanos, e, se amamos o Peru, amamos o seu povo. Temos que chegar a um consenso para superar esses males”, disse Torres no início de sua apresentação no plenário do Congresso, controlado pela oposição de direita.

Torres, que Castillo nomeou há um mês, foi ao Congresso para apresentar a política geral do governo e conseguir a formalização de sua posse por meio de um voto de confiança, conforme exige a Constituição peruana. O debate anterior à votação pode se estender por até cinco horas, e não se descarta o adiamento para amanhã.

Se o Parlamento negar a confiança, Torres e seus ministros terão de renunciar e Castillo precisará formar um quinto gabinete. A incerteza paira sobre o resultado da votação, porque o governo não conta com apoio suficiente entre os parlamentares, segundo a imprensa.

Castillo não tem maioria no Congresso, mas tem a seu favor a fragmentação e a divisão entre os opositores. A equipe de 19 ministros precisa do apoio de metade mais um dos parlamentares, o que equivale a 66 cadeiras na Câmara de 130 membros.

Exatamente um mês após a nomeação de Torres, advogado de 79 anos, como primeiro-ministro, no entanto, o atrito entre a oposição e o Executivo se intensificou.

O fujimorista Força Popular, principal partido de oposição com 24 assentos, anunciou nesta terça-feira que ouvirá a apresentação de Torres “para saber quais propostas ele tem e qual será sua atitude perante o Congresso”.

“Depois disso, teremos uma reunião para decidir nosso voto”, disse o porta-voz parlamentar Hernando Guerra.

Mas o apoio desse partido ao gabinete será “difícil”, devido à “permanência no cargo de ministros que nossa bancada tem questionado”, disse.

Castillo teve de mudar sua equipe ministerial três vezes desde que assumiu o cargo, em 28 de julho de 2021, um recorde que reflete o atrito na frágil coalizão governante de esquerda.

O atual ministro da Saúde, Hernán Condori, é repudiado por sindicatos médicos e partidos de oposição no Peru, país com a maior taxa global de mortalidade por Covid e que ainda sofre os estragos da pandemia. Em dois anos, foram registradas mais de 211.000 mortes e 3,52 milhões de infecções.

A oposição parlamentar prepara uma eventual moção para votar a destituição do presidente por “incapacidade moral permanente”, que poderia ser apresentada para debate amanhã. Em dezembro, uma tentativa semelhante fracassou.

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