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Confrontos matam mais de 100 em protesto no Egito

Mortes marcam dia mais sangrento desde a queda de Mohamed Mursi, deposto por militares em 3 de julho

Partidários de Mursi enfrentam opositores no Cairo
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Dezenas de pessoas morreram durante protestos realizados por simpatizantes do presidente deposto Mohamed Mursi, neste sábado 27, no Cairo. No dia mais sangrento desde que o presidente islamita foi deposto em 3 de julho pelo Exército, mais de 100 morreram, segundo os partidários de Mursi.

A violência explodiu após a realização de grandes manifestações dos dois grupos na sexta-feira 26 e horas após o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, advertir que o acampamento que os partidários de Mursi mantêm há quase três semanas ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya, na capital do Egito, será desmantelado.

Após os confrontos, Ibrahim voltou a insistir na ideia neste sábado e disse que fará com que os partidários do presidente Mursi sejam dispersados “muito em breve” dos locais ocupados. As forças de segurança agirão “no âmbito da lei”, tentando fazer com que exista “o menor número de perdas possível” e pediu que os manifestantes abandonem o local “para evitar um derramamento de sangue”.

Desde que o Exército derrubou Mursi, dezenas de milhares de partidários da Irmandade Muçulmana, movimento do qual Mursi faz parte, permanecem acampados ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya, no bairro de Nasr City, e nos arredores da universidade do Cairo, com a intenção de conseguir sua reincorporação.

Os confrontos explodiram perto da mesquita quando partidários do presidente deposto tentaram na manhã deste sábado bloquear a estrada que leva ao aeroporto do Cairo.

Violência. O porta-voz do ministério do Interior, o general Hani Abdelatif, afirmou que os manifestantes pró-Mursi se enfrentaram com os vizinhos de um bairro próximo e que as forças de segurança se interpuseram. A polícia “utilizou apenas gás lacrimogêneo”, disse o porta-voz, insinuando que as dezenas de falecidos que os islamitas lamentam morreram pelas mãos dos moradores dos arredores.

Para o porta-voz do Ministério do Interior, a resposta ao chamado do chefe do Exército, o general Abdel Fatah al-Sissi, a protestar na sexta-feira 26 para conceder a ele um mandato com o objetivo de “acabar com o terrorismo” demonstra que o povo “deseja a estabilização do país sob a proteção do exército e da polícia”.

Os partidários de Mursi encaram os incidentes violentos deste sábado 27 como resultado direto do discurso do general Sissi, artífice da deposição do primeiro presidente eleito democraticamente no Egito. “Essas declarações de Sissi incitam a violência e o ódio e servem para encobrir os crimes odiosos do exército e da polícia egípcios”, afirmaram. Em Rabaa al-Adawiya, jovens islamitas com capacetes e paus gritavam “Sissi assassino”.

De acordo com Mustafa Kame el-Sayed, professor de ciência política da Universidade do Cairo, “Sissi é o homem forte do novo regime e desfruta do apoio de grande parte da população devido a sua ação contra a Irmandade Muçulmana”.

Prisão. Na sexta-feira 26, a Justiça egípcia ordenou a prisão preventiva por 15 dias de Mohamed Mursi, que permanece detido pelo Exército em um local secreto desde o dia de sua deposição.

O tribunal o acusa de ser supostamente cúmplice de operações fatais contra as forças de segurança, imputadas ao Hamas palestino e levadas adiante durante a revolta contra o presidente Hosni Mubarak em 2011.

As acusações se centram principalmente na ajuda que o Hamas teria fornecido para fugir da prisão na qual o regime de Mubarak o havia detido.

*Com informações da AFP

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