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Como anda a popularidade de Milei após dois meses de governo

Levantamento mostra que, apesar de bem avaliada, imagem do presidente decaiu em todas as províncias da Argentina

O presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Juan Mabromata/AFP
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Prestes a completar dois meses de governo na Argentina, o presidente Javier Milei começa a experimentar uma piora na avaliação da sua imagem política. Os dados sobre o tema, produzidos em levantamento da CB Consultora Opinión Pública, foram divulgados nesta terça-feira 6.

A pesquisa teve como enfoque as 24 províncias (estados) da Argentina, de modo que os números coletados não se referem, exatamente, a uma avaliação a nível nacional. 

Dois aspectos merecem destaque na avaliação. Primeiro, em termos gerais, o presidente argentino segue tendo mais apoio do que rejeição em 21 das 24 províncias. Segundo, a queda na avaliação positiva da imagem de Milei caiu em todas as províncias argentinas.

Na província de Buenos Aires, por exemplo, 49% dos entrevistados disseram que a imagem que têm de Milei é positiva. O percentual, entretanto, caiu 2,4% em comparação ao levantamento anterior, divulgado em dezembro. No estado governado pelo peronista Axel Kicillof – um dos principais nomes de oposição a Milei -, 45,3% disseram que a imagem do presidente é negativa.

Já na capital, Buenos Aires – vale destacar que a capital é uma região autônoma -, Milei segue em alta, mas com números mais baixos do que antes: 54,5% de apoio, o que representa uma queda de 3,5% em comparação ao resultado anterior. 

Do ponto de vista eleitoral, a capital do país representa cerca de 7% de todo o eleitorado argentino. O mandatário da cidade é Jorge Macri, primo do ex-presidente Mauricio Macri e, no momento, apoiador do governo Milei. Jorge Macri, aliás, melhorou em 4,5% a sua imagem positiva (chegando a 56,8%, no total) no levantamento da CB. Diferentemente do estado, a cidade de Buenos Aires tem, nos últimos anos, um perfil mais próximo à centro-direita.

Em termos de comparação do atual índice de aprovação de Milei em Buenos Aires, destaque para o fato de que, no segundo turno das eleições presidenciais, realizado em novembro, o libertário obteve 57,24% dos votos na capital, contra 42,5% do seu então adversário, o peronista Sergio Massa.

A pesquisa foi realizada com 18.785 pessoas, entre 1 e 4 de fevereiro. A margem de erro ficou entre 3% e 4%, para mais ou para menos.

Outras províncias 

Uma das províncias em que Milei é mais bem avaliado é Córdoba, a segunda mais populosa do país. Por lá, o presidente tem 66% de imagem positiva. O índice, porém, sofreu uma queda de 6% na comparação com dezembro.

San Luis (59%), Salta (58,8%), Neuquén (58,7%) e La Rioja (57,9%) também são locais onde Milei obteve alta avaliação positiva, mas as quedas também foram expressivas: -3,1%, -4%, -3,2% e -5,2%, respectivamente.

Em termos de avaliação majoritariamente negativa, as províncias menos afeitas à imagem de Milei são Formosa (52% de imagem negativa), Santiago del Estero (53,6% de imagem negativa) e Río Negro (48% de imagem negativa). 

Razões para a queda

A pesquisa não aponta, de maneira qualitativa, quais seriam os principais motivos para a queda na imagem de Milei. 

Entretanto, o novo presidente vem dando marcha a medidas econômicas ortodoxas que seguem impactando na desvalorização do peso, na retirada de subsídios para transportes públicos e na redução da rede de proteção estatal no país.

No primeiro mês de Milei à frente da Casa Rosada, a inflação mensal da Argentina ficou na casa dos 25,5%. Economistas  se dividem na interpretação de que a inflação pode ser explicada tanto pelas medidas iniciais de Milei, quanto pelos resultados da gestão anterior, do ex-presidente Alberto Fernández. 

Pela primeira vez à frente de um cargo do Executivo, Milei vem adotando medidas voltadas à liberação dos preços. No começo de janeiro, por exemplo, as companhias petroleiras aumentaram em cerca de 30% o valor da gasolina. 

Em Buenos Aires, nesta terça-feira 6, começarão a valer novos valores para ônibus, metrô e trem. O índice exato do aumento depende de uma série de questões (se o cartão de transporte público é registrado ou não no nome do usuário, por exemplo), mas a Resolução do Ministério da Infraestrutura que determinou os novos preços citou aumentos entre 169% e 247%.

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