Mundo
Como aliados de Milei atuam para revogar direito ao aborto na Argentina
Projeto prevê prisão para mulher e profissional que realizar procedimento; coalizão do governo tem baixa representação no Congresso


Deputados da base do presidente da Argentina, Javier Milei, apresentaram um projeto de lei para revogar a norma que permite o aborto em situações específicas no país.
O projeto foi apresentado na semana passada, pouco antes do governo Milei sofrer a sua maior derrota no Legislativo da Argentina, quando a Câmara dos Deputados decidiu dar um passo atrás na votação do projeto de lei ‘Ómnibus’, a principal aposta do início do mandato do presidente.
A proposta que visa revogar a legalização do aborto é assinada pela deputada Rocío Bonacci. O texto conta com as assinaturas de outros membros da coalizão de Milei, conhecida como La Libertad Avanza: Beltrán Benedit, María Fernanda Araujo, Lilia Lemoine, Manuel Quintar e Oscar Zago.
O texto propõe que o direito ao aborto seja revogado totalmente e prevê, ainda, que profissionais de saúde que realizarem o procedimento sejam presos.
O consentimento da mulher para o aborto, em caso de aprovação do projeto, não seria suficiente para impedir que ela também venha a ser penalizada. Exemplo disso está no trecho que diz que as mulher grávidas que “realizarem o seu próprio aborto ou consentirem que outra pessoa o faça” estão sujeitas a uma pena que vai de um a três anos de prisão.
Entretanto, para conseguir que o projeto seja aprovado, a coalizão de Milei precisará somar forças no Congresso. La Libertad Avanza é uma coalizão relativamente nova no contexto político argentino e o presidente não tem maioria nas duas casas legislativas.
O aborto foi legalizado no país vizinho em 2020. O procedimento pode ser feito até a 14ª semana de gravidez. No caso de gestação que implique em risco para a vida da mulher, assim como nos casos de estupro, a interrupção pode acontecer a qualquer momento.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Governo Milei flexibiliza o uso de armas para a polícia na Argentina
Por AFP
Governo Milei decide cortar subsídios do transporte público na Argentina
Por André Lucena
Câmara dos Deputados da Argentina aprova poderes delegados para Milei
Por AFP
Papa Francisco e Milei se abraçam no Vaticano
Por AFP