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Com Alberto fora do páreo, quem pode se apresentar para enfrentar a direita na Argentina

O presidente declarou que entregará em 10 de dezembro ‘a Presidência a quem tenha sido legitimamente eleito nas urnas pelo voto popular’

Ato de Cristina Kirchner em La Plata em 17 de novembro de 2022. Foto. Luís Robayo/AFP
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou nesta sexta-feira 20 que não concorrerá à reeleição em outubro deste ano. Em vídeo publicado nas redes sociais, afirmou que entregará em 10 de dezembro “a Presidência a quem tenha sido legitimamente eleito nas urnas pelo voto popular”.

O desafio do peronismo, postulou Fernández, é buscar os “quadros para conquistar a vitória”. Um dilema inicial – e central – envolve as chamadas PASO, uma eleição primária a contar com a participação popular para escolher o candidato.

Sem Alberto no jogo, é natural que as atenções se voltem à vice-presidenta Cristina Kirchner. Uma expressão que ganhou fôlego nos últimos meses – e que aparece com cada vez mais frequência no noticiário – é “operativo clamor”. A mais popular figura política da Argentina é vista por muitos peronistas como a mais capaz de impedir a volta da direita ao poder.

Embora a palavra de ordem “Cristina presidenta” esteja na boca de militantes, porém, o caminho para concretizá-la não é simples. Em dezembro de 2022, CFK anunciou que não seria candidata no pleito deste ano, logo depois de ser condenada por corrupção em um caso que ela classifica como mero pretexto para retirá-la, de uma vez por todas, do xadrez eleitoral.

A condenação prevê a inabilitação perpétua para cargos públicos. Cristina, porém, ainda tem instâncias judiciais para recorrer, o que lhe abre o caminho para se lançar à Casa Rosada.

Na Argentina, especialmente após a vitória de Lula, adeptos do peronismo sonham com a volta de Cristina a fim de reeditar, ao menos parcialmente, uma “onda de esquerda” na América Latina, com o reforço de países como Chile, Bolívia, Colômbia Peru, Honduras e México. Alberto, por sua vez, é frequentemente visto como representante de uma ala mais ao centro do espectro peronista.

Quem mais pode representar a coalizão governista Frente de Todos na eleição de 2023?

– Sergio Massa, ministro da Economia, é uma peça central do governo. É visto por diversos analistas como o mais competitivo em um eventual cenário sem Cristina;

– Daniel Scioli, embaixador argentino no Brasil. “As pessoas entenderam e eu entendo as pessoas. Aqui estou. Eles contam comigo. Minha definição é que serei candidato, porque temos de passar pelas PASO e respeitar a vontade popular”, disse em recente entrevista;

– Agustín Rossi, novo chefe de gabinete de Alberto Fernández. Pesa a seu favor um trânsito relativamente favorável com o presidente e a vice-presidenta;

– Eduardo “Wado” de Pedro, ministro do Interior e partidário do kirchnerismo. Nesta sexta, classificou o recuo de Fernández como “um passo necessário para começar a ordenar o peronismo, dar-lhe vitalidade e voltar a sonhar”.

– Juan Grabois, dirigente da Frente Patria Grande. “O que Alberto fez é muito importante. Contribue para a unidade. Agradeço como argentino e militante da Frente de Todos. Ratifico minha candidatura a presidente nas eleições e espero que possamos construir uma primária civilizada, com base nas propostas e projetos de país”, afirmou nesta sexta.

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