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Cristina Kirchner protesta contra ‘máfia judicial’ e diz que não será candidata em 2023
A líder peronista foi condenada a seis anos de prisão em um processo que classifica como perseguição
A vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, reagiu à sentença pela qual foi condenada a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos, no âmbito de uma acusação de favorecimento ilícito a empresários na execução de obras públicas na província de Santa Cruz, no sul do país.
Cristina não foi para o cárcere porque tem direito a foro especial e pode aguardar a análise da Suprema Corte. Em seu gabinete no Senado, Casa da qual é presidenta, Cristina fez um pronunciamento virtual.
“Essa condenação não é pelas leis da Constituição, ou pelas leis administrativas ou pelo Código Penal. É uma condenação que tem origem num sistema que eu, quase ingenuamente, chamei de lawfare e de Partido Judicial. É muito mais simples. Não é lawfare, nem Partido Judicial. Isso é um Estado paralelo e uma máfia judicial“, declarou.
A vice-presidenta mencionou um “sistema paraestatal fora dos resultados eleitorais” e exibiu mensagens trocadas de forma privada que mostrariam uma articulação entre juízes, empresários do jornal Clarín e o secretário de Justiça de Buenos Aires.
Os chats foram revelados no fim de semana e motivaram um escândalo.
Um dos participantes do grupo era o juiz Julián Ercolini, responsável pela análise do processo contra Cristina. O chat estava instalado no Telegram desde 17 de outubro.
O conteúdo exibido pela vice-presidenta mostra uma tentativa de ocultar uma viagem de Ercolini, junto a autoridades de Justiça e de inteligência, a uma propriedade na região do Lago Escondido.
De acordo com reportagem do jornal Página 12, o grupo identificado teria chegado ao aeroporto de Bariloche em um avião privado. Os encontros teriam ocorrido com a ajuda do bilionário britânico Joe Lewis, amigo do ex-presidente Mauricio Macri.
O veículo aponta a articulação como indício de que planejaram a perseguição judicial a Cristina Kirchner e a impunidade a Macri em processos sobre contratos irregulares que envolviam pedágios de estradas.
“Me condenam porque condenam um modelo de desenvolvimento econômico e de reconhecimento dos direitos do povo”, afirmou a líder peronista.
Cotada para disputar a Presidência em 2023, Cristina também afirmou que não será candidata.
“Não vou ser candidata. É mais uma boa notícia para vocês. No dia 10 de dezembro de 2023, não terei foro, não serei vice-presidenta. Que me metam presa”, declarou. “Não vou ser candidata a nada, nem a presidenta, nem a senadora.”
Ao reportar as declarações, o jornal Clarín destacou que “Cristina se defende com chats provenientes de um hackeamento ilegal”. As mensagens foram utilizadas pelo presidente Alberto Fernández para o pedido de abertura de uma investigação.
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